Esta frase do título acima tomei emprestada de Luciano, que, num momento de felicidade retórica, usou-a na saudação que fez à sua mã...

Ozanira nas alturas

ozanira maia
Esta frase do título acima tomei emprestada de Luciano, que, num momento de felicidade retórica, usou-a na saudação que fez à sua mãe por ocasião de seu 80º aniversário, há mais de uma década. Ele primeiro disse “Hosana nas alturas!”, dando graças a Deus pela vida longeva e saudável da genitora querida, para depois concluir, criativa e belamente, colocando a própria Dona Ozanira Maia nas alturas celestiais. Repito, pois, Ozanira nas alturas, pois é onde ela certamente está, agora que foi chamada ao descanso da eternidade, após uma vida admirável e fecunda.

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Ozanira Maia @luciano.maia
Bastam poucas palavras para definir a grande dama que ela foi: digna, profundamente cristã e distinta em todos os sentidos. Elegante, enfim, em sua sobriedade, avessa a quaisquer mundanidades frívolas. Acrescento ainda um aspecto incontornável de sua personalidade: era uma mulher forte e de muita coragem no enfrentamento dos desafios da vida. Seu jeito manso e educado escondia uma guerreira que não fugia à luta. Onde a maioria teria fraquejado ou sucumbido, ela revestiu-se de determinação e assim conseguiu criar e formar uma família decente e vitoriosa. Seus filhos e netos estão aí como prova inequívoca dessa bela vitória. A criação e formação dessa família, pode-se dizer, foi a missão de sua vida de matriarca, que ela cumpriu sob aplausos unânimes até o fim.

Ozanira nas alturas, sim. E não poderia ser diferente com alguém tão fiel ao Cristo, dentro e fora da igreja. Na paróquia de Nossa Senhora de Guadalupe, no Cabo Branco, onde residiu em seus anos derradeiros, foi uma dedicada ministra da eucaristia por mais de uma década, uma permanente orientadora dos mais jovens e uma referência moral e religiosa para os de mais idade. Enfim, um exemplo para a comunidade cabobranquense em particular e pessoense em geral. Deixo claro que jamais foi beata de sacristia. Exerceu sempre seu nobre ministério de forma comedida e elevada, sem descer nunca às miudezas paroquiais de praxe.

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Ozanira Maia APCA
Administradora por formação acadêmica, teve, já na plena maturidade, seu nome lembrado para compor o quadro de membros fundadores da Academia Paraibana de Administração, uma explícita honraria que atesta seu prestígio perante a corporação profissional que integrou. Seus confrades certamente consideraram – e com toda razão – que sua ilibada pessoa engrandeceria, sob todos os aspectos, a entidade associativa então nascente.

A discrição fazia parte de sua maneira de ser e de estar no mundo. Jamais cultivou banais vaidades, sem prejuízo da sociabilidade e da elegância no vestir, no falar e nos modos, tudo emoldurado por uma modéstia que lhe era natural. Foi, por isso – e com justiça -, considerada “grande dama da sociedade”, mas distante da militância em qualquer “vida social” fútil.

Ajudou a quem pode ajudar, de diversas formas: umas vezes com o pão, outras com a palavra sábia e confortadora. Serviu a Deus e ao próximo, nas suas possibilidades. Praticou o bem, não fez o mal e resignou-se aos superiores desígnios do Pastor, como ovelha obediente que sempre foi. Conquistou, por esta razão, sem nenhuma soberba, seu bom lugar no paraíso, no qual acreditava com todo fervor. Está, portanto, com o Pai a valorosa e amável Ozanira, que aprendemos a respeitar e a tomar como modelo.

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Ozanira e Luciano Mariz Maia @luciano.maia
Conheci-a primeiramente através de seu filho Luciano, meu dileto amigo; depois, na paróquia de Guadalupe, aproximamo-nos mais, tendo sido ela uma das responsáveis por meu ingresso no ministério da eucaristia, ao qual resisti bastante, por não julgar-me digno da função. Admirava-a a uma distância respeitosa, sem forçar intimidades, como costumamos fazer com os mais experientes. Mas isso não impediu nossa amizade e, estou certo, nossa mútua afeição.

Imensa gameleira, de generosa sombra, agora tombada pelo tempo, Dona Ozanira saiu de cena como nós haveremos de sair um dia, marcados que somos pelo selo da finitude. Mas de suas vastas raízes outras e outros gigantes haverão de brotar, porque nada foi em vão. É assim que acontece com as árvores magníficas.

Ozanira nas alturas!

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