“Assim, em toda cultura, entre o uso do que se poderia chamar os códigos ordenadores e as reflexões sobre a sua ordem, há a experiência...

O lugar onde se faz a História, ou a História do lugar?

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“Assim, em toda cultura, entre o uso do que se poderia chamar os códigos ordenadores e as reflexões sobre a sua ordem, há a experiência nua da ordem e de seus modos de ser.

... o que se quer trazer à luz é o campo epistemológico, a epistémê onde os conhecimentos, encarados fora de qualquer critério referente a seu valor racional ou as suas formas objetivas, enraízam sua positividade e manifestam assim uma história que não é a de sua perfeição crescente, mas, antes, a de sua condição de possiblidade...”

(Foucault, 1987. P.11)

Neste último 19 de agosto comemorou-se o dia do Historiador. Claro que não existe, entre os diversos saberes humanos, uma hierarquia valorativa que estabeleça graus de importância maiores ou menores, mas distintas características que determinam o seu lugar na ordem dos dias dos homens.

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Agência Brasília
O saber plantar e colher daquele trabalhador da agricultura familiar, que domina o conhecimento dos ciclos temporais, das dobras climáticas, dos segredos e dengos das sementes, por exemplo, é uma ciência tão importante quando dominar as leis da física, da matemática, das ações e das reações da química, das complexidades dos corpos e das mentes, das inflexões e reflexões do saber sobre os saberes.

Acontece que de, e em tudo isso, se faz a História. Ações ou inações, avanços ou recuos, barbárie e civilizações, sofisticação e rudezas, tudo alocado na correnteza dos tempos, não como linearidade, mas como uma profusão, assim como é a vida. Ela acontece, então, em todos os lugares, ainda que lá seja um deserto, seco, sem vida, sem morte, sem guerra nem paz, porque aí, essa será a sua História.

Então, não estamos falando aqui de tamanhos de importâncias, mas de importâncias. Quanto a História, é senso comum que, quem não domina seu passado, não terá futuro. Mas é muito mais que isso. Trata-se, acima de tudo, de fortalecer a própria identidade; de reconhecer seu lugar no mundo, construído muito antes de você, e de conhecer as estruturas que você herdou para que você possa também agir sobre elas e mudar seus rumos ou estagná-los.

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Neom
Isto posto, em tudo e em todos os lugares há HISTÓRIA!

Daí a importância da História Local para se compreender a História Universal. Já não era sem tempo, a Base Nacional Comum Curricular – BNCC estabelece a obrigatoriedade do ensino de História local nos anos iniciais do ensino fundamental, o que tem sido posto em prática de forma lenta e gradual, até pela necessidade de se criar as condições objetivas para que isso aconteça.

Pouco se tem produzido a esse respeito, tendo sido objeto de estudos acadêmicos mais aprofundados temas de dimensões espaciais mais amplos, porém, mais recentemente, se tem voltado os olhares para o local, onde de fato, ocorre a nossa vida.

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José Luis Rodríguez Martínez
Nesse sentido, estamos desenvolvendo um trabalho de pesquisa mais aprofundado com o intuito de produzirmos um livro didático que deverá ser utilizado já no próximo ano, pela rede municipal de ensino, nos anos iniciais do ensino fundamental, abordando a história de nossa comunidade, observando os rigores exigidos pela Ciência História, e com conteúdo em que nossos alunos possam se reconhecer, reconhecer seu grupo social e familiar e apresente uma linguagem ao seu nível de compreensão.

A alusão ao dia do historiador no início dessas nossas reflexões se dá, justamente, como forma de reconhecimento do labor daqueles que se preocupam em preservar nossas memórias, lembrando ainda que elas se encontram além dos registros textuais e acadêmicos, estes, naturalmente, já fruto de fontes e vestígios do passado, mas sobretudo espalhados nas nossas vivências cotidianas, nas lembranças dos pais de nossos pais, nas pedras revolvidas para a construção da materialidade de nossa civilização, nas intenções que nos movem a partir do que herdamos como valores.

Ficamos felizes por podermos proporcionar às nossas crianças esse contato direto, e através da sala de aula, com um passado que lhe pertence e a uma comunidade que é sua, buscando faze-los saber que eles também são parte da sua continua construção.

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