Sento-me num dos bancos dos jardins da Fundação Casa de José Américo, repetindo o gesto de quando preciso meditar um pouco. Respiro, sentindo a brisa leve da praia, o cheirinho da Mata Atlântica e ainda recebendo a energia plena do ponto mais oriental das Américas, no bucólico e aprazível Cabo Branco. Não existiria cenário mais encantador, para acolher o patrono, nos últimos anos de sua jornada terrestre.
De repente, ao debruçar-me na janela do tempo, enxergo o momento em que José Américo entrou na minha vida. Parecia premonição que nos encontraríamos um dia, ainda que separados entre os dois mundos da vida.
@onibusdaparaiba
No final dos anos 70, vim morar aqui e, certa vez, ao passar em frente ao então Solar de Tambaú, soube que era a residência do ilustre José Américo, longe de imaginar que iria ali vivenciar parte de minha trajetória profissional. Já que não moro na praia, trabalho na praia e com o privilégio diário de encantar a vista e sentir a energia do Cabo Branco - meu ponto preferido da Capital das Acácias.
Quando trabalhei no jornal O Norte, vim algumas vezes à Fundação, mas o anfitrião já havia partido. Comecei a me identificar com ele, por meio das frases. A primeira mais interessante foi: "Ver bem não é ver tudo: é ver o que os outros não vêem". Mas a que me impressiona mesmo, por sentir firmeza, é: "O que tem de acontecer tem muita força".
José Américo de Almeida FCJA
Quando vim trabalhar aqui na Fundação, em 2011, comecei a percorrer, frequentemente, o Museu e, em cada revisita, um detalhe, uma nova descoberta. Até que chegou a hora de conhecer a querida Lourdinha Luna, que demonstrava muita afeição para comigo e, sempre que precisava de uma informação, a ela recorria, que me respondia com muita gentileza. Foi ela quem me revelou que José Américo tinha afinidade com a espiritualidade. Mas um aspecto que gostei de saber, e que nos identificamos, foi sua devoção à Nossa Senhora de Fátima.
E não pára por aí. Vem seu amor à Natureza em geral, principalmente ao Mar. Não foi em vão que escolheu este paraíso para respirar profundamente e ser palco de suas inspirações. "Andar é tudo que faço, nesta praia, nesta areia e depois olhar meu traço, até vir a maré cheia".
FCJA / Praia do Cabo Branco Fátima Farias