Eis agora o mar de volta. Vastidão que aqui reflete esperança adormecida Com a brisa que me trazes, agora não tão morna...

Para sempre estar de volta

Eis agora o mar de volta. Vastidão que aqui reflete esperança adormecida Com a brisa que me trazes, agora não tão morna, vejo como é bom sentir o teu cheiro, tuas ondas, ver o céu em que te espelhas Seja bravo em tempestade, ou terno em calmaria, é a ti que a Terra deve tudo o que exala a vida Diante deste azul que consagra teu cenário impossível é não ter fé... Eita, quanto mar bonito! Tua água é tão salgada, mas quão doce é o sabor de te ver aqui por perto. Daqui a pouco vêm as chuvas, que te mudarão a cor, que te tornarão mais sério, quiçá até mais belo Muitos fugirão de ti, chamarão de “tempo ruim”, mas certo eu estarei de que sabes qual o gosto que me traz a solidão no conforto do silêncio. E que boa companhia é a chuva quando o resto deste mundo longe está... Sempre é bom poder voltar. Não existe hotel melhor do que a casa, doce lar, nem uma cama mais gostosa do que esta em que me jogo. Mesmo sendo saborosa a que chamam de “blueberry” não é mais que a manga-espada, nem a amora tão gostosa como o creme de papaya. Nem mesmo aquela gralha, que cantava no Spree, é assim tão graciosa como o bem-te-vi daqui. Nem os parques de Berlim são mais belos que esta relva que adormece aqui do lado, onde a noite é maestrina de um coral de grilo e sapo. Desço agora, pois a praia me esperava com saudade: “Foste longe, mais uma vez”, eis o mar a perguntar. Ah, meu caro, não há nada que enxerguei com esse encanto que agora bem me mostras. Que bom poder pisar tua areia tão macia. Que bonito ver a “maria” farinhando lá e cá, misturando-se às espumas com que bordas tuas ondas… Mais à frente, as falésias, imponentes e eloquentes, que parecem até dizer: Este mundo é todo teu! No qual eu vou querer, para sempre estar de volta.

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