Meu amor
Tem todas as léguas que caminho
E as estradas que construo
Em teus sorrisos
É que os metros dele
Assim medidos
Tem a compleição exata
De vários infinitos
E se os alinhavo
Nos passos em que te sigo
É que sempre estou em ti
Para estar comigo
E assim navego
Por horas desmedidas
Guardadas as proporções
De todos os mares da vida
no meio da manhã
como distante
o tempo debruçou-se
no horizonte
e apontou um espaço
como nem onde
e meu olho nem mediu
o longe
restou apenas a paisagem
em torno do teu nome.
A luta muda tudo
muda tão constantemente
que a vida é como se fora
uma mudança da gente
ao te dares infinita
alonjas a eternidade
como quem se inventa com o ilimite
de consumir-se tarde
é que te cabe o espaço
de um tempo inconsumido
em que brincas com a vida
na proporção de todos teus sentidos
meu amor
é avesso ao tempo
tudo que lhe mede
é invento
da razão de tê-la
cerzida, assim,
às alegrias todas
do que penso
meu amor
é um grande comício
de todos os tempos que ouso
nos ombros dos sentidos.
talvez o tempo
nem aquilate o recado
de tê-la deslumbrante
em todos os seus atos
eis que, mulher e pássaro,
voa todos os meus ares
como gesto permissivo
de todos seus olhares
remido, pelo tempo em afetos,
construo ondas de amor no peito
e deixo-me estar em privilégio.
viajava nos teus olhos
as léguas todas de mim
trilhos da minha paz
nas caminhadas em ti
no cofre das emoções
guardei-me inteiro
inventando a vida
nos infinitos do teu jeito
é assim como nadar no tempo
os açudes largos do peito
as rédeas do meu sonho
habitam teu destino
com as tramas da razão
e a saudade dos sentidos
assim como um barco exato
que navega o infinito
guardando a proporção
de estar sempre contigo
fora da tribo
indígena cósmica
povoas o infinito
em urgente lógica:
ninfas sorriem o tempo
nas eternidades que moram
as rédeas do meu sonho
habitam teu destino
com as tramas da razão
e a saudade dos sentidos
assim como um barco exato
que navega o infinito
guardando a proporção
de estar sempre contigo
a saudade
é só um disfarce
de como caber em mim
tua eternidade
dou-me ainda ao tempo,
triste andarilho,
de percorrer em mim
todos os infinitos
que criamos em nós
brincando de limites
Da saudade em dizer sucinto
a saudade
é uma pátria movediça
dói nos vincos da alma
ri dos tempos da vida
enche o peito de tanto
desfaz-se em cachoeiras
nos rios cheios dos olhos
numa exata correnteza
a saudade é quase desejo
que o tempo represa