No livro Emílio ou Da Educação, publicado no ano de 1762, o filósofo, teórico político, escritor e compositor genebrino Jean-Jacques Ro...

Educação para a paz

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No livro Emílio ou Da Educação, publicado no ano de 1762, o filósofo, teórico político, escritor e compositor genebrino Jean-Jacques Rousseau (1712 – 1778) defende a tese de que o homem nasce naturalmente bom e a sociedade o transforma em um indivíduo mau. O autor propõe a educação para que a criança se torne um bom adulto. Rousseau afirma que é preciso partir dos instintos naturais da criança para desenvolvê-los na bondade. A obra, em forma de romance, Rousseau descreve a educação de um menino (Emílio) — rico e nobre, criado isolado de outras crianças — desde seu
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nascimento até seu casamento. O livro instrui os pais/responsáveis sobre o modo como criar os filhos.

Segundo a teoria de Rousseau, sobre a educação negativa, a contribuição do professor consiste em preservar os aspectos naturais da criança, bem como cumprir quatro períodos:


A proposta desenvolve a formação das competências e as habilidades da inteligência, como também do caráter moral e da natureza instintiva de cada indivíduo. Nela, pode-se encontrar a tese de que a educação não deve ser repressiva.

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Ilustração: F. Le Barbier ▪ Collection Camplete des Oeuvres de J.J. Rosseau, Citoyen de Geneve, 1783
O filósofo afirma que o ensino deve surgir na experiência prática da convivência social. O ambiente natural para isso acontecer é a família, não a escola; seus estímulos naturais são a solidariedade e o amor, não as punições. Considerando a importância da educação familiar, ele diz:

“Nascemos fracos, precisamos de força, nascemos desprovidos de tudo; temos necessidade de assistência; nascemos estúpidos; precisamos de juízo. Tudo o que não temos ao nascer, e de que precisamos adultos, é-nos dado pela educação”
1995, p. 10

Rousseau destaca, ainda, que a educação que inicia no acolhimento materno e nos primeiros afetos construídos entre os parentes são vitais para a sobrevivência humana e para a constituição da bondade, porque a lei sempre está preocupada somente com os bens e pouco com as pessoas. É a família que transmite ao filho os verdadeiros valores de um bom cidadão. Apesar das influências da sociedade (que moldam nas crianças desde do nascimento), dos costumes e das crenças, entre outros, é o amor de mãe para filho que instrui a criança a ser um cidadão de bem. Além disso, o Estado tem a contribuição de desembrutecer os cidadãos pela educação.

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F. Le Barbier, 1783
A natureza do homem se humaniza diante do sofrimento. Sofrer é uma das primeiras experiencias que desperta no ser humano a necessidade de aprender e a se defender contra a dor emocional e das frustações existenciais. Por exemplo, existe a mania de ensinar à criança a andar. De forma natural, é preciso que ela caia várias vezes por dia e, instintivamente, aprenderá mais cedo a levantar-se e a correr por si mesma, apesar dos ferimentos. As experiências da liberdade espontânea compensam a conquista de aprendizados, que trarão a alegria de ter superado a dor e o embrutecimento... em vez de sentir-se contrariada, engessada e triste. Por esse motivo, mais feliz é aquele que sabe sofrer sem se penalizar; o mais miserável é o que vive sem prazer. Alguns desejos supõem renúncias e várias privações são penosas. Um ser sensível,
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Rousseau, em gravura de G. Howse, S.XVIII
cujas vontades de bondade se igualam aos seus desejos, é um ser feliz, quer dizer, de paz.

O conceito de educação de Jean-Jacques Rousseau é centrado na interação e na liberdade. Tais princípios são aplicados à competência para a formação crítica, criativa e científica nos cidadãos na educação contemporânea. Apesar de ser uma proposta para a formação educativa individualizada, sua contribuição é significativa, como mecanismo de questionamento e de valorização da autonomia que estimula habilidades naturais no ser humano. Rousseau já problematizava o mundo do capital e suas influências perversas contra a irmandade entre os cidadãos, antes mesmo que um cidadão se colocasse como dominante.

O livro Emílio ou da Educação apresenta a preocupação que se deve ter com a formação da criança, do jovem e do adulto, para que estejam preparados a viver em harmonia e autonomia na sociedade, a fim de construir da paz. O processo dessa educação deve cumprir etapas e nunca isolar o aprendiz do mundo, para não ser corrompido pela maldade de alguns. Rousseau reconhece que chegará uma fase da vida que o cidadão terá que fazer suas próprias escolhas, desde que seja pela bondade e pela irmandade.

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