Morava em uma casa antiga, eu e meu filho Sérgio. No quintal tinha vários pés de fruta: um jambeiro frondoso e sob ele um banco branco. No tronco valente vários xaxins de samambaia de metro, orquídeas e bromélias. Uma pitangueira plantada num vaso, e um delicioso pé de amora enroscado num pergolado tosco. Chão de caco de cerâmica que brilhava de tão limpo. Fogão de lenha.
Meu quarto dava para este quintal nos fundos da casa. A janela tinha prismas coloridos O telefone tocava todas as manhãs, bem cedinho, trazendo a voz de um namorado de longe.
O mais lindo eram as roseiras que viam água todos os dias. Adorava quando à tardinha chegava a hora de molhar as plantas. Dentre as roseiras tinha um pé de rosa cor de rosa muito especial porque não tinha espinhos, uma espécie bem rara. Com estas rosas fazia meus banhos de cheiro. Atraia amor e leveza para a minha vida. Tinha fãs e ganhava flores e muitas flores por ocasião do lançamento de livros e quando era meu aniversário.
Hoje entendi de conversar com o passado porque senti uma saudade imensa da roseira perfumada daquele quintal. Do perfume de incenso, do vinho aberto nas sextas feiras. Dos poemas de amor que escrevia. Trago de volta a simplicidade desta história linda, impressa no céu azul, na rosa presa na parede nostálgica da lembrança.
De novo as rosas
a brincar no meu olhar
a me tocar em perfume
delicado amor e maciez
Nascem de mim
enquanto durmo
se multiplicam
em tons romanceados
um mistério
em sensações de possuir
com tanta beleza
Iluminam a sala
em histórias de amor
renascidas em cor
Cor de Rosa
Para você, esta rosa
com Amor
A rosa do quintal
brota em botão
nasce
das manhãs
de orvalho
do sentimento
puro da beleza
em sedução
Sol frio de outono
Ilumina
a rosa antiga
cor de rosa
pétalas fortes
pele de seda
prenda linda
devoção
Oferta do Criador
à criação