Há algum tempo que as esquinas das praias (talvez da cidade toda) foi tomada por pedintes; venezuelanos, paraibanos, adultos e crianças. Por aqui em Manaíra/Bessa, sempre via uma turma de crianças meninas, a fazer malabares em um sinal de trânsito específico. Meninas crianças, com shortinhos e top (a triste sexualização na infância), rasgados é verdade, e com duas, três laranjas, a tentar fazer algumas peripécias na esquina, subir uma na outra e derrubar essas laranjas na primeira jogada, para ganhar alguns trocados. Eu sempre ficava a olhar aquela cena num misto de dó e raiva. Raiva de ver as nossas meninas em situação de tanta vulnerabilidade. Dó de ver aquela meninice desperdiçada com laranjas desobedientes.
Diocense de Campos (RJ)
Sou uma pessoa que sempre cuidei da comida da casa (na organização) e isso implica em abrir a geladeira a cada manhã, fazer o cardápio, a feira (priorizando a minha boa alimentação e da minha família, variar os legumes e frutas e também fazer os gostos de cada um, dentro do possível). Quando tomei a minha própria casa, aos 19 anos, só sabia fazer ovo. Mas fui aprendendo (gosto muito de comer e experimentar novos sabores) e, principalmente a ensinar. Ao final, as diaristas e/ou ajudantes, sabiam fazer a minha galinhada ao curry, torta de espinafre, quiabo refogado, vegetais al dente, feijãozinho gostoso sem carne, sopinha de legumes, bisteca de porco com alecrim e maçã, legumes no vapor, saladas tantas, peixe frito, purê de jerimum... Os meus pratos preferidos.
@Tudogostoso
Tudo isso me invadiu os pensamentos quando penso na frase do Betinho – “A fome tem pressa”. E é uma vergonha que um país como o Brasil, tão grande, e
@CMT
Tudo isso para dizer que, sabe as meninas malabaristas do sinal? Esta semana parei e lá estavam as duas, crescidas, já mocinhas, uma em cima da outra, com as mesmas laranjas desequilibradas, a fazer número. Quando terminou, entre o sinal fechado e o verde, uma delas exibiu a sua barriga de grávida. Uma criança grávida de outra! Fiquei chocada, mal e triste. Constatar a fome no país já é de embrulhar o estômago de quem come bem, agora fome com gravidez nessa situação de vulnerabilidade, nos deixa insone e mais impotentes. Um futuro de mais abandono e miséria. A pobreza feminina. A desigualdade. E a violência contra as meninas, essa me cortou os pulsos e o coração.
Que tragédia tododiatodo! E sempre. E sem luz no fim do túnel.