Penso que ainda está para nascer uma proposta de ordenamento político melhor para um povo do que o chamado socialismo democrático. Não esse tipo de regime que algumas siglas partidárias sugerem nas suas legendas de forma hipócrita, já que na prática nada se faz de socialismo, e sim um sistema que pretenda a participação efetiva da comunidade nas decisões que projetam seu futuro de forma justa.
O comunismo, em cujas sensatas ideias estariam a igualdade e o bom senso, foi uma praga, felizmente, quase totalmente varrida da face da Terra. Uma utopia que, se possui alguma boa intenção na origem de seus propósitos, degenera-se para o totalitarismo de ditaduras insidiosas e cruéis que se perpetuam no poder à custa de violência e perseguição. Meu irmão Carlos esteve há poucos anos em Kaliningrado, na Rússia, e se impressionou com a revelação de amigos que foram efetivos integrantes do partido comunista. Segundo lhe disseram, o povo russo foi vítima de um comunismo tão cruel, somente superado em tirania pelo Holocausto. Em visita ao museu Hermitage, de São Peterburgo, ao passar na frente de uma tela que retratava Stalin e Lenin, cochicharam para meu irmão: “Eis dois criminosos!”
Por outro lado, a democracia liberal é injusta. Não promove a diminuição das desigualdades e deixa soltas as rédeas do capitalismo, sem compromisso efetivo com as causas sociais. Termina fomentando a lei da selva, quando permite o corporativismo, o monopólio industrial e o acúmulo ilimitado de capital, em detrimento da pobreza.
Nas avançadas democracias socialistas não é permitido enriquecer sem limites. Quanto mais se acumulam bens, mais impostos incidem sobre os ganhos de seus proprietários, que podem chegar a 70% da renda. Ou seja, fica proibido enriquecer demais. É o tal imposto de renda progressivo que nunca conseguiram instituir no nosso Brasil. Nem os três governos e meio do Partido dos Trabalhadores, em tese comprometido com a efetiva distribuição de renda, foi capaz de desengavetar e pôr em prática o famigerado Imposto Sobre Grandes Fortunas, criado há 35 anos e colocado embaixo dos tapetes do Planalto. Preferiam a política assistencialista das bolsas, sem o devido investimento na educação, que é a única forma de salvação efetiva de um povo.
Nem conseguiram a progressividade no Imposto de Renda, que continua injusto como a sociedade brasileira. Permitindo que uma pessoa que ganha 200 mil reais por mês continue pagando a mesma alíquota de quem recebe 2 mil. O pior de tudo é saber que a maior parte do que é arrecadado vaza pelos tubos da corrupção, do superfaturamento e é utilizada para manter mordomias palacianas, parlamentares e vitalícias. Ao povo, sempre o resto das migalhas…
É preciso que fique clara a diferença entre o conceito de socialismo democrático e o que se pratica na pseudodemocracia socialista defendida e embutida hipocritamente em algumas siglas partidárias.
Nenhum sistema de governo será justo enquanto não banir a corrupção e tiver a coragem de proibir o enriquecimento absurdamente estratosférico de marajás para acabar com a miséria de seu povo.