Quando encontrei o São João certamente os meus olhos brilharam. Eu ainda criança aprendendo as primeiras letras, descobrindo as coisas do mundo, percebendo e abraçando com o corpo e alma a identidade da terra. O brilho das luzes e o colorido de bandeirinhas e balões ornamentais da festa do sexto mês do ano trouxeram encantamento aos olhos. Uma noite para conquistar todos os sentidos.
Quando encontrei o São João percebi que era paixão. A festança junina sempre me causa uma ansiedade gostosa, uma expectativa pela aproximação. E tudo conta para o amor ao período. Da temperatura que vai caindo junto com a temporada de chuva, símbolo de renovação do verde, de bênção dos céus, retorno da água para beijar a terra.
Quando encontrei o São João entrei em conexão com suas cores. Vermelhos, azuis, verdes, brancos vivos explodiam em colorida alegria que enfeitava janelas, portas, terreiros, fazendo um contrabalanço ao céu mais cinzento do inverno recém-chegado. Das cores em movimento das quadrilhas em pares onde cavalheiros e damas levam ao terreiro a nobreza dos salões, que ganha mais história das palavras de ordem do “anarriê”, “alavantú”, “olha a chuva” e “caminho de roça”. Dos braços, pernas e sorrisos em bailado mágico. Ou no salão onde o forró, o xaxado e o baião ecoam seus reinados.
Quando encontrei o São João também o fiz pelo doce sabor levado à boca. Da espiga de milho, majestosa com sua casaca verde, seu cabelo de tom avermelhado/aloirado, os caroços enfileirados em ouro, pronta para as muitas receitas. Canjica amarelinha, pamonha, bolo, assada ou cozinhada, ou mergulhada no branco do manguzá, muitos gostos para deliciar bocas em mesas enfeitadas.