Às crônicas volto. E o assunto? Só tenho um na cabeça: A viagem que fiz e de que falei aqui quando me ausentei. Pela primeira vez, viaj...

Paris, eu te amo

paris cronica viagem turismo franca
Às crônicas volto. E o assunto? Só tenho um na cabeça: A viagem que fiz e de que falei aqui quando me ausentei. Pela primeira vez, viajei com as queridas irmãs: Bebé, Teca e Claude. Um sonho antigo. E só agora, todas na casa dos 60, pudemos atravessar o Atlântico. Não foi uma peregrinação à Compostela, mas uma maratona de alegria e turismo. Acidental.

Viajar hoje é uma missão executiva também. Tudo tem que ser planejadíssimo. Levamos mais de ano por entre: mapas, lugares, reservas, horários, trechos percorridos, qual metrô, quantos metros, áreas, zonas. Todo o tempo “perdido” antes, para ganhar depois. Confesso que apanhei para acompanhar os novos tempos e pernas. Como fomos nós que planejamos, haja reunião on line (minha irmã Teca mora em Penarth, lugarejo ao lado de Cardiff – País de Gales), onde também iríamos visitá-la por uns bons dias.

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Bebé, Claude e Ana Adelaide Peixoto em Cardiff (País de Gales)
Acervo da autora / Greg Montani
Paris foi a primeira parada. Fazia 40 anos que eu não ia na cidade luz. Tinha visitado duas vezes antes, mas estava sedenta pelos Cafés, pela língua linda, bien sûr, e os vinhos. Ficamos no Marais, uma festa (indicação do amigo Nelson Barros) e que lugar! Vizinhas da Place des Vosges – que luxo! De lá, perambulávamos para os quatro cantos, caminhar é a única forma que gosto de descobrir/revisitar um lugar. E flâneur fomos. Também tínhamos lugares certos: Museu de L'Orangerie e quando vi as Ninféias de Monet, quase virei azul, imersa naqueles painéis gigantes de flores numa sala ovalada; o Jardin des Tuileries, o Arco do Triunfo, St Germain, todas as pontes, e passear ao lado do Sena (Ponte Neuf e a vista com a Conciergerie ao fundo), findando na livraria icônica “Shakespeare & Company”. Primavera fria, 8/10 graus (de guardas chuvas, lembrávamos dos filmes), o que nos permitia subir as ladeiras de Montmartre e passear por entre os artistas, entrar nas lojinhas, nos encher de cartões de arte, comer beringelas recheadas, e tomar vinho toda noite.

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Place des Vosges / Ana Adelaide / Museu de l’Orangerie
Acervo da autora / Musée de l’Orangerie
Muitas gargalhadas, a nos perder nos becos, igrejas, jardins, calçadas famosas, vitrines, perfumes e maquiagem (sim! Somos mulheres vaidosas e gostamos de um batom. Ou vários!). O melhor de Paris, no entanto, acho que é passear à beira do Sena e ouvir a língua francesa (que amo e não falo) ao meu redor. Passar pelas barracas de frutas e verduras também me davam um ar de Amélie Poulain. Aqueles posters com as divas do cinema, queria comprar todos. Mas nada se compara a sentar no Jardin des Tuileries, seguido do Louvre, com árvores floridas, esculturas por todos os lados e sentir a brisa gelada. E observar. Observar sempre. Com um sorvete de “cerise noir”, faziam a felicidade.

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Rio Sena / Ana Adelaide / Jardins das Tulherias (Paris)
Acervo da autora / Musée de l’Orangerie
Paris é mesmo uma festa. E não tivemos tempo de percorrer todos os lugares do filme, “Meia Noite em Paris”. Só alguns. Lembrei muito da minha primeira viagem a essa cidade luz, em 1975, e do meu susto ao me deparar com os Champs-Élysées (com suas majestosas árvores de Castanheiro da Índia) e a Notre Dame. Estava com Flávio Tavares (então meu marido), seu irmão Sérgio e Yves (In Memorian), e tivemos esse guia de luxo por nove dias. Uma aula de história pela Praça da Bastilha; Place des Vosges; pelo Louvre, sem a pirâmide, e Flávio a querer ver todas as salas e pintores dos seus sonhos. Jamais esqueci os queijos e éclairs au chocolat, que repeti agora.

Nunca tinha visitado a Galeria Lafayette. Dessa vez fomos numa tarde chuvosa. Encantei-me pela arquitetura e pelo teto, do resto só olhando. Mas os perfumes inebriantes deixamos para comprar na Provence, a próxima parada.

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Galerias Lafayette (Paris) Brittaneu
Perto do nosso hotel tinha uma pracinha Santa Catarina, tipo “Emily in Paris”, e lá fizemos o ponto para jantar: quiches, saladas interessantes, e a famosa sopa de cebola. Vinho tinto todas as noites e, quando íamos dormir, um passeio seguro pelas ruelas, movimentadas ou não, e a quase certeza de que podíamos usufruir da noite. Essa é a parte mais legal da viagem. Andarmos dia e noite (por entre 17 a 20 mil passos – ai! minha lombar), com mochila nas costas, e sem medo de ser feliz.

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Ana Adelaide, Bebé, Teca e Claude Peixoto em Paris / Praça Santa Catarina (Marais)
Acervo da autora / Guilhem Vellut
Essas quatro sexies, bem que tagarelávamos, nos divertimos, tiramos muitas fotos selfies, como boas turistas, mas não só. A natureza na primavera é algo indescritível. Os passarinhos. As flores. Os parques e jardins. Os Trench Coats das francesas e tanto mais. Notei, como sempre, que os mais velhos viajam. Casais prateados de bengala, de andador, de cadeira de rodas, viajam e veem o mundo. Nada de se aposentar da vida antes. Nada de ficar de chinelos sempre. Só às vezes. Isso também me encantava. A vida na velhice no meio da rua. Nos bares, nas calçadas, e em todos os lugares possíveis.

Voltei abastecida de beleza e de amor pelas minhas irmãs. Uma oportunidade única. Quando que vamos estar as quatro disponíveis, com saúde, e tempo novamente para tamanha empreitada? Só essa já valeu uma vida.

Sou grata de ter tido esse luxo de felicidade.

E a viagem continua, agora nas crônicas.

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