A palavra moralidade, que é a vontade de ser bom e de fazer o bem, tem outros significados. O poeta anarquista e crítico de arte e de ...

Moralidade social e humana

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A palavra moralidade, que é a vontade de ser bom e de fazer o bem, tem outros significados. O poeta anarquista e crítico de arte e de literatura britânica Sir Herbert Edward Read (1893 - 1968), em seu livro A redenção do robô: meu encontro com a educação, afirma: “Para Platão, Kant, Rousseau e Ruskin, a educação moral do cidadão é a base dessa filosofia social; no entanto, há poucos vestígios dessa filosofia nos programas políticos modernos” (1986, p. 81). Considerando isso, a maioria dos sistemas educacionais estão mais preocupados com o adestramento vocacional dos cidadãos para o mercado de trabalho, a fim de satisfazer o perverso sistema econômico que não prioriza o bem-estar social. Isso é ensinado de forma
a gerar uma obediência alienada à autoridade coercitiva e nunca ao respeito à dignidade do livre arbítrio.

Read apresenta duas definições do filósofo e diplomata francês Henri Bergson (1859 – 1941) com a finalidade de aplicar os conceitos de “moralidade social” e “moralidade humana”. Segundo Bergson (1932, apud Read, 1986, P. 82):

“Moralidade social” é um conjunto de hábitos, um padrão de comportamento, que é instilado por um processo de treinamento para o proveito geral da estrutura existente de sociedade; “moralidade humana” é um senso místico de obrigação produzido por um rasgo emocional, englobando toda a humanidade, e é ela própria uma das mais elevadas manifestações da força criativa da evolução individual”.

A essência da moralidade é a obediência. O cidadão, geralmente, em seus atos de submissão não está consciente de ser o dono da produção dos próprios sentimentos e nem do pertencimento à sua existência. Ele não se expõe diante de si próprio como quem dá uma solução decisiva. Isso o torna medíocre por que age somente a partir da sua necessidade. Apesar disso, a submissão não pode escraviza-lo em nenhuma condição de miséria humana, considerando que a sua atitude depende daquilo a que se obedece e como é obedecido. O “Homem moral age, contudo, a partir de uma necessidade de algum tipo. Entre todas as necessidades conhecidas, a única que sobra para consideração é a necessidade estética” (READ, 1986, p. 84). Ao agir de forma espontânea, ele toma posse do seu juízo estético. A natureza desse juízo é absoluta e irracional.

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Robert van Audenaerde, S. XVIII
Em um sistema de educação moral, exige-se o exercício mental, alguma prática do arbítrio, que daria a este uma habilidade aperfeiçoada de fazer escolhas, de exercitar o julgamento e de agir. Essa escolha deve ser livre e espontânea. O filósofo, psicólogo e pedagogista alemão Johann Friedrich Herbart (1776 – 1841) considerou esse processo como “revelação estética do mundo”. Segundo Read (1986, p. 85): “Com essa expressão, Herbart quis representar um exercício sempre em expansão, na criança, da escolha e da apreciação estética e, talvez, da criação estética”. Nessa interpretação, as crianças despertam seus desejos para o mundo visível, sem serem dominadas por ele. Passam a perceber que existe dentro delas um potencial ilimitado de força de vontade, que pode liberar onde, quando e como uma necessidade as ordenam.
Essa força, geralmente, é determinada pelo discernimento estético e pelo gosto presentes desde o nascimento. A voracidade impulsiona a moralidade (por ser a vontade de ser bom e de fazer o bem) no sentido de que o bem pode ser identificado com as tendências que respondem pela unidade das associações humanas; e o mal, com as tendências que destroem essa unidade.

O conjunto das crenças e dos sentimentos comuns forma um sistema determinado que tem sua vida própria à média dos membros de uma mesma sociedade. Pode ser conceituado por consciência coletiva, que é independente das condições particulares e do status social dos cidadãos. Esse conjunto liga-se coercitivamente às gerações e representa o enquadre psíquico da sociedade, apresentando suas condições de existência e seu modo de desenvolvimento. Como os termos coletivo e social são absorvidos um pelo outro, somos induzidos a crer que a consciência coletiva é toda a consciência social. Entende-se, assim, o perfil da vida psíquica da sociedade. A perda da moralidade gera o comportamento imoral, que é desprovido da percepção de toda dignidade humana, que age contra a harmonia social, com a finalidade de destruir a própria vontade de ser bom e de fazer o bem.

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