O indivíduo quando sofre e é ofendido em sua honra sente o quanto a dor moral é insuportável e provoca a sensação de apequenamento. O embrutecimento de alguns o afasta do convívio social e o encharca de medicamentos que não curam, tornando-o dependente compulsivo das indústrias farmacêuticas. Apesar disso, as suas falhas existenciais e/ou psíquicas precisam de afetos para preservar a necessidade inata pela sobrevivência e, inclusive, para manter a própria dignidade diante de uma síndrome, transtorno ou distúrbio mental. O mal-estar deve ser enquadrado, de modo a permitir o convívio com as fissuras cognitivas no ambiente familiar e em sociedade e enfrentar a crise com empatia.
A humanização prioriza a continuidade da compaixão naqueles que reconstroem os afetos na dor psíquica e define os limites da corresponsabilidade da técnica terapêutica que preservam a saúde emocional nos relacionamentos, porque a sensibilidade e o amor nunca adoecem. As fissuras mentais mais enquadradas em uma convivência são:
▪ síndromes: caracterizadas pelo conjunto de sintomas conectados, cujas causas podem ser de difícil identificação; algumas delas são a Síndrome do Pânico (SP), a Síndrome Guillain-Barré (SGB) e a Síndrome de Down (SD);
▪ distúrbios: alterações nas condições físicas ou mentais do indivíduo que afetam o funcionamento de algo em sua rotina; geralmente são identificados na infância; essas perturbações causam problemas na maturação das funções do Sistema Nervoso Central (SNC) que prejudicam o desenvolvimento neurológico, o hábito alimentar, a interação social e anormalidades físicas;
▪ transtornos: referem-se à inversão da ordem natural das coisas devido à falha na estimulação da parte frontal do cérebro; danificam as relações interpessoais causando sofrimento, confusão de personalidade e sentimento de incapacidade; são classificados em tipos e estão relacionados à alimentação, ao emocional, à personalidade e aos movimentos do ser humano; alguns deles são: Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC); Transtorno de Déficit de Atenção (TDA); Transtorno de Bipolaridade (TB); Depressão; Transtorno de Ansiedade (TA) e Anorexia Nervosa (AN).
O indivíduo que sofre de falhas psíquicas e existenciais é considerado como alguém que perdeu o próprio pertencimento. Muitos o confinam em um eu mínimo fragmentado e irracional. Entretanto, não se pode pensar em um eu louco, pois se há loucura, existe o adoecido eu ínfimo, submerso na consciência. A afirmação desse eu se dá através de uma sombra projetada nos desejos enfermados, na qual surge o sentimento de voracidade que é alimentado pela compulsiva necessidade de defesa e de sobrevivência da natureza humana. Exemplificando esse argumento, há o trecho da peça Hamlet, escrita entre 1599 a 1601 pelo poeta, dramaturgo e ator inglês William Shakespeare (1564 - 1616). Nela, o personagem-título (Hamlet) faz algo estando louco e é o próprio eu que é ofendido e não pode ser responsabilizado. Por isso, não há razão relativa. Ou a pessoa é sadia e dona de seu eu ou é louca e alienada absolutamente. Uma dessas alternativas, nos dias atuais, conduz a representar
a loucura ao momento de maior afirmação do eu, enquanto indivíduo consciente e livre para conhecer somente a própria verdade.▪ distúrbios: alterações nas condições físicas ou mentais do indivíduo que afetam o funcionamento de algo em sua rotina; geralmente são identificados na infância; essas perturbações causam problemas na maturação das funções do Sistema Nervoso Central (SNC) que prejudicam o desenvolvimento neurológico, o hábito alimentar, a interação social e anormalidades físicas;
▪ transtornos: referem-se à inversão da ordem natural das coisas devido à falha na estimulação da parte frontal do cérebro; danificam as relações interpessoais causando sofrimento, confusão de personalidade e sentimento de incapacidade; são classificados em tipos e estão relacionados à alimentação, ao emocional, à personalidade e aos movimentos do ser humano; alguns deles são: Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC); Transtorno de Déficit de Atenção (TDA); Transtorno de Bipolaridade (TB); Depressão; Transtorno de Ansiedade (TA) e Anorexia Nervosa (AN).
Segundo o texto citado:
"HAMLET: Ser ou não ser — eis a questão. Será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do destino feroz ou pegar em armas contra o mar de angústias. E, combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir; Só isso. E com o sono - dizem - extinguir dores do coração e as mil mazelas naturais a que a carne é sujeita; eis uma consumação ardentemente desejável. Morrer — dormir —, dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo! Os sonhos que hão de vir no sono da morte quando tivermos escapado ao tumulto vital nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão que dá à desventura uma vida tão longa. Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo, a afronta do opressor, o desdém do orgulhoso, as pontadas do amor humilhado, as delongas da lei, a prepotência do mando e o achincalhe que o mérito paciente recebe dos inúteis podendo, ele próprio, encontrar seu repouso com um simples punhal? Quem aguentaria fardos, gemendo e suando numa vida servil, Senão, porque o terror de alguma coisa após a morte - o país não descoberto, de cujos confins jamais voltou nenhum viajante - nos confunde a vontade, nos faz preferir e suportar os males que já temos, a fugirmos para outros que desconhecemos? E assim a reflexão faz todos nós covardes. E assim o matiz natural da decisão se transforma no doentio pálido do pensamento. E empreitadas de vigor e coragem, refletidas demais, saem de seu caminho perdem o nome de ação.”
Shakespeare analisa a condição psíquica do ser humano. Trata de temas indispensáveis em todas as épocas e sociedades: corrupção; traição; incesto; vingança e moralidade. Ele faz por meio de uma análise filosófica e psicológica do comportamento. Utilizando-se dos limites da sanidade e da loucura, o escritor provoca reflexões no interior do leitor. Em Hamlet, vemos a denúncia melancólica das ilusórias pretensões do eu, que se aliena ao coletivo, recusa a responsabilidade do que lhe é reservado e prefere ser autor de si mesmo. Temos aqui a crítica e a construção do indivíduo da modernidade que é constituído de falhas psíquicas e dos desafetos.SHAKESPEARE, 1988, p. 88-89