As margens
Do Oceano
A lua deixa
De si o que me encanta
Eu que me caio na areia
Tem o som
Tem o olor
Tem o sal
Do mar
E a cor da lua
Derramada
Sobre mim
E sobre a areia
Conto as estrelas
E divago entre a luz
E a música das ondas
Na penumbra
Voa o espírito
Através do espelho
Do Céu e derrepente
Sou cais de mim mesmo
Eu nas marés
E as marés
Pelo mundo
A arrebentar em mim
Estratificado o suor
Arde e vira sal
Sua santidade
Está no saber
De cada rosto
De habitou
Ou não
Ou no seu não saber
Que não percebeu
A mão que lhe roubou
"Todo suor é sagrado",
Já disse o poeta
Mas
No mais das vezes
Tudo é roubado
E o que sua de alegria
É fantasia
Ainda que dolorida
Salgada
Fantasia
Roubada ilusão
Suor
Estou a juntar minhas tralhas
Devo fazer um bazar
Por umas
Cobrarei
Por outras
Pagarei para que levem
Minhas tralhas...
Nada de mofo
Bolor
Acúmulo de nadas
Sobre memórias mortas
Mas poder dominar o tempo
Que resta sobre o chão à pisar
Eu vou fazer um bazar
De tempos por onde espichei
Tantas gentes
Muitas ainda no varal e tantas já recolhidas
No meu bazar haverá memórias já feitas
Mas também as que ainda hei de fazer