Jamais desistas de ser quem és!
Vais receber inúmeros rótulos:
sentimental, romântico, bobo, sensível
Vais ser taxado de louco, trouxa, bronco descompensado, exagerado, deslumbrado
Vão atirar pedras por todos os lados
algumas cortarão tua carne
das feridas, o rubro líquido percorrerá tua face
outras, deves usar como alicerce
são elas que sustentarão teu edifício
ou pavimentarão tuas estradas
Jamais desistas de ser quem és!
És único e singular, jamais terás um igual
seja no gênio, caráter ou educação
nem um gêmeo xifópago, teu irmão
viverá ou sentirá como sentes.
Cada árvore resulta de uma semente
cada ser é resultado de suas experiências
vivências, sensações ou sentimentos
A natureza não permite violência
respeita tua essência, tuas escolhas necessidades
Não há um ser nesta cidade
que saiba o de que necessitas para viver!
No início você quer se cobrir de luto
quer vestir a cidade de luto
quer gritar sua dor aos quatro ventos
perde o interesse por muita coisa
principalmente pelas que eram importantes para quem partiu....
A monoidéia passa a morar em sua mente
Você mente para o mundo quando tenta sorrir
interagir com o entorno é doloroso e exaustivo
você se culpa por permanecer vivo.
Ao deitar, seu último pensamento pertence a ele
ao acordar seu primeiro pensamento também lhe pertence
e os dias trancorrem sem cor, cheiro ou som
tudo é silêncio e escuridão.
E quando você percebe que os outros já o esqueceram?
Ontem, encômios fervorosos
Hoje, o vergonhoso olvido
afinal, os vivos têm pressa por viver
A vida continua para muitos, para você foi pausada
passa em câmera lenta e você é ator e expectador
dessa tragédia chamada vida
dessa incógnita chamada morte!
Mas você também entende
que um dia, todos terão seu próprio luto
terão suas próprias dores e escuridão
e perceberão que estarão sozinhos.
Meu amigo, hoje o dia foi estranho
um desfile bizarro e pitoresco
meu estômago, quase vira pelo avesso
com o rosário de mentiras enfileiradas
Vi covarde se esconder em pé de alface
com astúcia e sofismas escancaradas
transformando azeitona em manga verde
passeando livre e leve nas calçadas.
Numa hora era a vítima coitadinha
homem probo, cônscio dos próprios deveres
num segundo, era um lobo sem o pelo
da ovelha, escalpelada até as vísceras
um bandido pensando ser bom artista
Tonto inútil, acreditando ser o Zorro
Também vi, outra com cara de anjo
inventando sofrimento e inanição
quando penso em ajudar com o coração
e moedas, que alivie o sofrimento
Descobri, de inopino, que o intento
era apenas iludir qualquer incauto
a sabida, planejava dar uma festa
com bebidas, boa música e belos pratos.
Outro anjo pediu aconselhamento
ou quiçá, uma contrita oração
sua família vive sempre em aflição
com carência de harmonia e de sorte
na verdade, seu intento era apelar
pros ingênuos que estivessem de plantão
Toda história é uma sórdida armação
numa busca alucinada por dinheiro
Não entendo, onde tantos embusteiros
organizam-se para o ensaio de suas peças
vou dormir, que amanhã acordo cedo
pois o dia foi de glória e de festa
do embuste, covardia e enganação!