A comunicação entre os seres humanos pode ser classificada em: “comunicação lógica”, que é o processo de significação e a produção de significados previamente codificados pelos usuários de uma dada linguagem; “comunicação estética”, que é iniciada com a percepção de sinais pelos órgãos dos sentidos e ocorre por meio da sensibilidade.
O “signo lógico” é um sinal perceptivo com regras bem definidas. Através dele pode-se pensar, falar, ouvir, ler e escrever. Ele é codificado por uma linguagem formal e caracteriza-se por ser o elemento essencial de uma comunicação, ao qual se vincula uma ou mais interpretações igualmente codificadas. Torna-se (o signo), geralmente, uma interpretação padronizada com precisão, que representa a ideia de uma forma imaginária ou física. Por exemplo, a palavra casa. Ela surge, de imediato, a apreensão do que a constitui: quartos; banheiro; cozinha; sala e outros cômodos. Nesse exemplo, entretanto, quando um “sinal estético” é transmitido a um grupo de pessoas, nenhuma delas as interpretará do mesmo modo, ou seja, a percepção daquela ocorrência é sempre subjetiva e depende da memória afetiva de cada indivíduo. Por causa disso, os “sinais estéticos” não se submetem à codificação prévia estabelecida por uma linguagem formal. Considerando isso, não há uma interpretação previamente codificada capaz de se referir a um sinal sensível, que venha permitir a formação de um signo formal e/ou lógico-matemático.
O objeto específico de uma teoria da informação se caracteriza em unidades de transmissão que podem ser computadas quantitativamente. Diante disso, a “comunicação estética” é acolhida na forma de percepção pelo corpo, enquanto fornece os dados necessários para o desenvolvimento da cognição. Esse processo ocorre por meio de “sinais estéticos” capturados pela percepção sensorial e subjetiva que o recebedor obtém de suas relações com as coisas e eventos do mundo, independentemente de seu significado possível. Por isso, o domínio estético emite sinais subjetivos.
Os sinais capturados pela sensibilidade não produzem significados codificados por linguagens, o que dificulta a formação de uma estrutura de signos. Ou seja, não há como se constituir uma narrativa que represente a norma estética das coisas. É possível distinguir, do ponto de vista de uma teoria do conhecimento, dois tipos de interpretação da realidade: a intelectual e a estética.
A “interpretação intelectual” se processa a partir da percepção dos fenômenos gerada pela “presença de uma coisa” ou de sua reprodução virtual. Por isso, tão logo o racional recebe a informação da percepção, a razão - instantaneamente — localiza em seu estoque de conceitos uma categoria abstrata para incluir à representação desse objeto percebido, de modo a classificá-la em sua escala de valor. Esse processo não se dirige diretamente às coisas, mas a ideias gerais sobre elas, que são definidas em conceitos. Com isso, a inteligência humana intenciona submeter o mundo a seu critério, abstraindo a realidade em representações controláveis. Por consequência, a interpretação lógica do mundo encontra um conceito em cada grupo de objetos e seus significados nominais, de forma a emprestar um substantivo à ideia deles, de modo a reter os seus predicados identitários na memória, a fim de pensar sobre eles mesmo na sua ausência.
A “interpretação estética” também se processa a partir da percepção dos fenômenos gerados pela presença dos objetos na realidade, mas remete sua atenção para a multiplicidade de sinais estéticos capturados das suas formas, bem como das relações e dos materiais que afetam de vários modos os sentidos físicos submetidos à presença real ou virtual das coisas. Ao mesmo tempo, surge o sentimento de beleza como resultado de uma relação de tensão sensível entre a forma material dos objetos e a percepção dos seus sinais estéticos. O resultado desse processo de percepção ao que é belo gera o conhecimento estético, que o fixa armazenado na memória afetiva.
As duas formas de interpretação — seja com os sinais estéticos, seja com os signos lógicos - não são contraditórias; mas, complementares. Elas estabelecem um conhecimento mais eficiente sobre tudo que está inserido no mundo. Para essa finalidade, deve-se considerar somente o que está acessível a natureza humana, uma vez que em todos os sinais e signos se pode encontrar logicidade e esteticidade.