Os Ucranianos, seus descendentes e aqueles que por amor adotaram essa cultura comemoram na terceira quinta-feira do mês de maio o dia da Vyshyvanka (вишиванка, em ucraniano, pronunciada como vêshêvánka), a tradicional “camisa bordada”.
A celebração desse dia unifica os ucranianos espalhados pelo mundo e sua repercussão é comum no universo “online”. Esse é um sinal de ligação à identidade nacional e ao patriotismo ucraniano, demonstrando a todos que a celebração ultrapassa fronteiras. Cada região tem um estilo próprio de bordado que se aplica à camisa. Eles representam padrões muito antigos, pré-cristãos, e teriam como um dos objetivos impedir a entrada de espíritos maus em pontos vulneráveis do corpo.
Há também a possibilidade de uso dos padrões para “escrever”, formando uma linguagem quase cifrada em um desenho simétrico. É um dia para demonstrar o orgulho dessa peça de roupa étnica que carrega em si as ricas e belíssimas tradições ucranianas.
Mesmo quando a desesperança trazida pela guerra encontra a vingança nas mãos de seu povo, o evento ameniza a solidão de quem deseja tornar real uma vida regada pela dor. Uma morte pode justificar outra durante uma batalha. Porém, a paz de seu resto de existência não terá encontro com a harmonia, e sim com um lento pesar solitário até o último de seus dias.
A Vyshyvanka é um bordado que desenha a história de muitas gerações e famílias que se amam e preservam esse laço de sangue plantado por muitos. E outros tantos acabam por colher seus doces frutos, que podem servir de exemplo para caminhar com sorriso e ímpeto. A vyshyvanka é mais do que uma simples camisa. É uma espécie de talismã que protege a pessoa que a usa, além — é claro — de contar a história de seu povo.
Nossa infinidade de origens mostra o guia para um encontro no presente e torna nossas vidas lindas num futuro esperançoso. Qual linguagem você fala? Dos animais, homens, flores? Ou uma própria, que pouco sentido por vezes lhe traz? Entenda-se o quanto antes, para não subjugar a todos que ajudam a promover a união e que têm andado ao lado. Como escreveu o filósofo Sêneca:
"O instinto do homem o faz atrair um ao outro, é algo inerente nele que nos estimula buscar amizades".
Mesmo não conseguindo se agrupar, assumindo riscos e consequências, desfaça sua vida presa a um passado e ande pelos sentidos que o caminho proporcionou. Permita que alguns possam assistir unidos, amados e torcendo pelo seu doce futuro, na busca de uma nova linha do tempo.
É bom amar, ter um braço capaz de moldar um afago. No fundo de nossas almas estão desenhadas forças suficientes para encontrar um meio de viver em paz e harmonia com aqueles que nos cercam de tão perto.