Minha literatura é muito solitária

"A literatura de ficção não acabou, o que está acabando é o leitor"

(Rubem Fonseca)

Que seria do mundo não fossem os romancistas? Comecei minhas leituras na juventude com gibis, depois poesia e só então cheguei aos romances.

Minha porta de entrada na ficção foi através dos livros da Coleção Vagalume.

Lembram dela?

“O escaravelho do diabo”, “A ilha perdida”, “Éramos seis” e “As aventuras de Xisto” foram alguns dos meus companheiros de adolescência.

GZH

Criava mundos lendo aqueles livrinhos, que me despertaram para obras mais clássicas, de Machado de Assis, Guimarães Rosa, Dostoiévski, José Lins do Rego, Graciliano Ramos e outros, até chegar aos contemporâneos.

Acho fantástico quem consegue criar uma bela história de ficção, com enredos originais e personagens que parecem aquela pessoa que a gente conheceu em determinado tempo da vida, de tão reais que são.

Até já tentei escrever ficção, mas não passei do segundo parágrafo.

Isso sempre acontece porque os personagens começam a ter vida própria e perco o controle de seus atos, aí fico assustado e desisto.

Efraimstochter

Fico na poesia mesmo, que ainda é meu porto seguro literário. Meus romances preferidos? Dos clássicos, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Angústia, Os Irmãos Karamazov, O Vermelho e o Negro e tantos outros…

Dos contemporâneos, gosto muito da ficção de Micheliny Verunschk, María Valéria Rezende, mas tem tanta gente escrevendo ficção de qualidade hoje no Brasil que não cabe no espaço de um post.

Num debate no Liceu, um aluno perguntou o que achávamos de escrever ficção.

No meu caso, não escrevo ficção (ficção aqui deve ser entendido como texto em prosa de ficção, porque a poesia também é ficção, mesmo baseada em acontecimentos reais). E fico impressionado como alguns autores conseguem lançar um romance por ano! Fico imaginando aquele monte de personagens brigando dentro de sua mente, doidos para se libertarem....

Não, não tenho capacidade para lidar com vários personagens, viver com e para eles.

Minha literatura é muito solitária!

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