Extra, extra, extra!

O relógio batia 3 da madrugada do domingo, 09/04, quando recebi uma ligação para saber se era verdade tua passagem para outros universos. Do outro lado da linha a voz embargada do querido amigo, me afligia, eu não sabia responder.

Não consegui mais dormir.

Como conseguiria com aquela notícia nada “bacana”?

Sem respeitar o horário, comecei enviar mensagens... precisava saber se a crueza daquela informação era verídica.

Ao amanhecer o jornal das nuvens começou: “Extra, extra, extra: o escritor Juca Pontes partiu!”

Acervo da autora

Então era verdade!

Liguei de volta para meu querido amigo, que estava longe, informando da terrível constatação.

Você, Juquinha, havia descido na estação eterna sem ao menos nos dizer adeus. Sabia que se fosse preciso se despedir, não deixaríamos você partir.

As nuvens ficaram carregadas de mensagens tristes, que choravam frases de pesar; dor; saudade.

Sandid

Não dava para segurar o pranto delas. Não foi possível segurar a tempestade sofrida e arrasadora, dos nossos corações!

Nossos olhos, como cachoeiras, não conseguiam parar de jorrar lágrimas da terrível separação.

Extra, extra, extra! Fora de planejamento; fora da realidade; fora do desejado! Simplesmente, fora de tudo que acreditávamos ser possível acontecer. Extra, extra, extra! Tu és extra! Extremamente importante em nosso viver! Extra para todos, que tivemos a baita sorte de contar com tua presença em nosso caminhar. Extra, para aqueles que tiveram a felicidade de serem cuidados por ti, num simples gesto de lançar um livro. Extra, para quem teve o prazer de dividir projetos de música, literatura, artes plásticas, cordel, enfim, projetos que projetavam a vida de cada um. Extra, extra, extra! És uma mãe, extra! És um pai, extra! És um avô, extra! Sempre foste extremosamente amoroso, compreensível, compassivo, cuidadoso. Extra, extra, extra! Sempre serás lembrado! Sempre serás citado! Sempre serás aquele amigo extra! Extraordinário, a quem iremos recorrer em prece!

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