Epigrama I
Narrative mensongère, que de bruit fait la racaille!
Ils hurlent sans arrêt! C’est normal chez la canaille.
Epigrama II
A loucura é bizarra, as pessoas nem meditam:
Não é louco quem afirma, mas aqueles que acreditam.
Tanta gente mergulhada em mentira e sandice
que a loucura superou, o cinismo, a cretinice.
D. Quixote não é louco, louco mesmo é Sancho Pança,
é igual a quem vislumbra crescimento com gastança.
Ó meu Deus, tem piedade! manda a Graça tão sonhada,
devolvendo a quem lhe falta sua massa acinzentada!
Epigrama III
Na Real Academia da Suécia, a importância
de criar novo Nobel, da suprema ignorância,
é uma forma inovadora, sem reserva e não sutil,
que repara injustiças, premiando o Brasil.
Epigrama IV
A política é sem sublime, tudo chão e tudo fosco,
só entranhas se expõem: sai um tosco e entra um tosco.
Epigrama V
Vaidade de parelha com a irmã mediocridade
não se cansa de buscar fátua imortalidade.
Epigrama VI
Concluindo O capital, Karl ficou atarantado,
com as palavras do editor: Tudo isso é superado!
Epigrama VII
A besteira em cascata, como agrada à patota!
Quanto mais se diz sandice, mais se aplaude o idiota.
Epigrama VIII
Quando o anjo de candura perde as asas e despenca,
todo o pó se alvorota, a canalha geme em penca,
não escapa nem o nome de poeta consagrado
que, forjando a mentira, foi depressa imolado.
Epigrama IX
O filósofo que explica tudo o que no mundo existe,
na labuta, ele persiste, seu saber não se complica.
Para todos, ele aplica a moral de uma lição.
Nunca chega ao coração a lição que ao outro ensina,
saber tudo é sua sina: do Brasil, os males são.
Epigrama X
Seu revide é desafio ao gênio polimorfo,
bem pra lá de um ser amorfo, cujo texto é como um rio,
que, sem leito e no estio, corre lento por ser raso,
empurrado pelo acaso, mal nos molha o calcanhar,
vive a sina de lascar, de vencido antes do prazo.