Vez em quando eu fujo pra solidão.
Busco em mim uma espécie de reflexão sincera sobre os rumos que me permito e onde quero chegar.
O meu refujo solitário começa onde a estrada termina, não tem barulhos de motor, exceto raros aviões que esporadicamente passam para lembrar-me que o mundo está ligado.
Busco em mim uma espécie de reflexão sincera sobre os rumos que me permito e onde quero chegar.
O meu refujo solitário começa onde a estrada termina, não tem barulhos de motor, exceto raros aviões que esporadicamente passam para lembrar-me que o mundo está ligado.
Nesse silêncio, ouço meus passos sobre as folhas secas, reconheço o canto do estridente sanhaço, a solene sabiá laranjeira e a cambucira com seu embolado canto que parece um dialeto de pássaro estrangeiro.
Já na porteira começo a desligar compromissos, tiro do pulso o contador de tempo, e em poucos passos troco os sapatos pelos pés descalços. Começo então a fazer coisas importantes: Coloco canjiquinha e bananas para os passarinhos, águo as plantas, confiro se o mamão amadureceu e se a flor abriu.
Presto atenção nas músicas das cigarras, rãs, grilos, sabiás, sanhaços, coleiros, rolinhas e bem-te-vis. Inclusive, ando desconfiado que os sanhaços me vigiam, ficam me espreitando até eu cortar as frutas e colocar do lado de fora, se demoro eles reclamam.
Agora o sol se pôs, e rapidamente o frio chegou. A água ferveu e o café cheirou longe. Enquanto tomo um cafezinho com biscoito de polvilho, começo a perceber as mudanças dos sons. Saem passarinhos, entram as rãs, o sapo martelo e os grilos.
A dama da noite exala perfume e recordações.
Faço excelentes negócios com a natureza. Ousadamente a chamo de sócia, mas na verdade ela que é a dona majoritária de tudo isso.
Eu cuido dela e ela cuida de mim.
Eu águo e ela me floresce,
eu podo e ela me brota,
eu preservo e ela me frutifica.
Aprendi que cuidando dela, ela cuida de mim.