Quem anda decifrando meus escritos deve ter percebido que estou meio impaciente com certo tipo de gente. Criaturas que andam à minha volta, não porque eu queira, mas por circunstâncias da vida. Fazer o quê? Dizia um falecido amigo meu: “A burrice é invencível!” E não é? Ando intolerante com esses cérebros obtusos. Mas, não só com eles. Estou por aqui, com a turminha dos embromadores, aqueles uns ou umas que jogam uma conversinha nas minhas orelhas e já pensam que levaram no bico, que, como dizem por aí, me engabelaram.
Selecionei sete coisas que não suporto mais ouvir e aproveito para alertar meu querido leitor e minha estimada leitora, fiquem atentos. Se algum, ou alguma sacripanta vier com uma dessas lorotas para cima de você, dê um chega para lá na criatura pois ela está querendo passar você para trás.
Quando alguém me aparece com uma dessas bravatas, vou logo soltando meus cachorros e mando parar de tapeação. Passei da idade e do peso para ser tapeado com tanta facilidade.
Vamos às mentiras:
1ª. Deixa comigo
Não deixe porque nada vai acontecer. É só uma maneira que arrumaram de evitar suas cobranças, meus leitores. Afinal, se o(a) loroteiro(a) disse para deixar com ele(a) não há mais nada a dizer. Alguém está assumindo uma suposta responsabilidade que vai dar tudo certo. Só que não vai dar. Não caia nessa.
2ª. Vou fazer o possível.
Não fará o possível e nem o impossível. Se você convida alguém, por exemplo, para uma solenidade e ele(a) disser “vou fazer o possível para ir”, pode tirar o cavalo da chuva. Essa criatura não vai e já se desculpou, afinal, ela “fez o possível, só que não conseguiu”. Quase certo que nem lembrou mais do convite. Não acredite nessa trapaça.
3ª. Se precisar de alguma coisa...
Você num momento de dificuldade, perdeu alguém, sofreu um prejuízo, foi demitido; ou seja, algo de muito ruim aconteceu em sua vida, é quando aparece aquele “amigo do peito” e vem com essa: Se precisar de alguma coisa... Aí está implícito “alguma coisa, menos dinheiro”. Diga que está precisando de cem reais e veja a reação do(a) embusteiro(a). Se fosse seu amigo(a) mesmo, passava um PIX e não vinha com essa conversa mole.
4ª. Só um minutinho.
Bem, inicialmente vejamos o que é esse tal de minutinho? O minuto que eu conheço é uma unidade de tempo que possui sessenta segundos. O minutinho teria menos segundos? Uns vinte, talvez? Trinta segundos são meia hora. Acho que minutinho é uma palavra não tem tradução nem em sânscrito. Quando alguém disser: “Aguarde um minutinho...” Pode esperar uma hora ou mais. “Ad eternum” como diz o pessoal da toga.
5ª. Estou chegando.
Não está. Você no celular pergunta: “Vai demorar?” Do outro lado da linha vem a resposta: “Tô chegando”. Pode esperar sentado. Afinal, se está chegando o que mais resta a você fazer? Nada! É uma maneira de evitar que você fique ligando e cobrando pontualidade. Se você ligar mais uma vez vai ouvir: “Já não disse que estou chegando?” Papo encerrado.
6ª. Conta comigo.
Não conte, pois a criatura vai falhar. Vai falhar e não faltarão desculpas esfarrapadas para tentar justificar a falta cometida. Quando você conta mesmo com uma pessoa, esta se fará presente sem precisar disser coisa alguma. Este sim, é o amigo certo das horas incertas e não o falastrão (pode ser ela também) que vem com a conversa fiada do “conte comigo”.
7ª. Não vou mentir.
É a que mais me irrita. Aqui vale um exemplo. Tomemos uma situação hipotética. Você é gerente de uma firma e ordena que um funcionário vá a um cartório e reconheça firma de um documento. O irresponsável esquece de cumprir a tarefa da qual foi incumbido. No outro dia quando você cobra pela execução ele vem com seguinte história: “Eu me esqueci, não vou mentir”. Analise: Ele está querendo evidenciar uma suposta virtude, a de não mentir, para que esta apague a bandalhice que cometeu. Quando alguém lhe disser “não vou mentir” pode esperar que isso é para esconder alguma safadeza desse(a) biltre.
São essas mentiras que não estou mais com paciência para ouvir. Se me lembrar de outra, eu aviso.