Muezim, também conhecido como Almuadem, é o nome que se dá ao homem responsável pelo chamamento dos fiéis à oração do povo muçulmano. No passado, sua missão era subir ao topo dos minaretes, muitas vezes com centenas de degraus pela frente, e anunciar em voz alta que era chegada a hora de orar. A religião islâmica recomenda e convida os seus fiéis a rezarem cinco vezes ao dia: ao amanhecer (Fajr), ao meio-dia (Dhuhr), durante a tarde (Asr), ao pôr-do-sol (Maghrib) e à noite (Isha).
Todos os muçulmanos do sexo masculino devem participar da oração do meio-dia de cada sexta-feira, quando habitualmente também é feito um sermão pelo Imã. Antes de cada uma destas orações, o chamamento do Muezim (Adhan) ecoa ao sabor dos ventos e lembra os crentes que é chegado a hora de mais uma ida à mesquita. O som propaga-se muitas vezes intercalado com o barulho de motores e buzinadelas, mas sempre com o mesmo poder de “encantamento” e sutileza. Alguns recados do meio em que você vive lhe passam sobre onde devemos tomar mais atenção e abraçar com carinho. Como o faz o povo Muçulmano com os fiéis. O fato que pesa mais confunde seu coração inebriado de novidades e por vezes carente, que acaba por entreter uma alma com ações levianas.
Também à espera de um chamamento enfático, as pautas identitárias têm aguardado uma fila quase em desespero por seu estabelecimento definitivo, num campo progressista. Na busca por justiça social, elas desejam compensar "deficits" faltantes no campo da democracia. Nesse ínterim, espera-se que ao menos um debate com disputa entre grupos politicamente minoritários e os majoritários promovam efeitos desejados, como contestar práticas que patrocinam desigualdades econômicas, nas quais estão a origem de várias patologias e abusos sociais.
No meio desse imbróglio necessitamos pedir para algum Deus, ou Espírito Santo, que nos proteja do que vem pela frente... e pelos lados. Amargamos uma esperança estendida pelas mãos, já sem forças, em atar dois pontos possivelmente diferentes e nada próximos. O que não podemos é cair num estado de agnosia, que é a cegueira psíquica, que nos restringe a percepção das sensações em nosso entorno.
Como escreveu José Saramago, em seu livro "Ensaio sobre a cegueira", no qual os personagens são narrados enxergando o que ocorre ao seu redor, mas sem saber que sabem, porque seus cérebros se fecharam com os próprios umbrais.
Não sendo um caso de amaurose, que é a cegueira total com afeição do nervo ótico, imaginamos que tenha sido o desejo de se esconder da verdade amarga e presente, que espera por soluções espirituais, pois não nos encorajamos em solucionar com mãos próprias um veio hemorrágico de pedido de socorro.