PROMESSA DE CONTRATO O cavalo - este que em mim galopa - sou eu sóbrio, farto de portar certezas e testemunhas que cat...

Sombras somadas

poesia capixaba jorge elias neto
 
 
 
PROMESSA DE CONTRATO
O cavalo - este que em mim galopa - sou eu sóbrio, farto de portar certezas e testemunhas que cato pelo caminho Talvez por não resistir à história, insisto nas fábulas dos ladrilhos revirados pelos cascos das mãos nuas Mas quem sabe, em uma manhã despercebida das ausências, eu desabe sobre uma almofada, aqui mesmo nesta sala, onde por vezes, me vejo um tolo E desista de assinar meu nome; de distribuir elogios à loucura.

(do Breviário dos olhos)
Não deixe que se esgotem as dúvidas; a pretensão da certeza endireita. É nula a soma, como é certa a primeira gota da tempestade. Erguem-se os hipócritas que sobrevivem da espreita. A sobrevivência de certos espíritos depende da discrição dos gestos. As sombras, somadas, ocupam todo lugar no espelho. Pode existir alguém mais fiel que um inimigo? O homem é um ser de atitudes medidas e pensamentos velados. Certas bocas não vestem bem as palavras. Sempre haverá bocas do inferno mastigando asas de querubim. As verdades se camuflam e não nos chegam nos abraços. A mínima distância já é um desencontro. Abandonar a face e seus complementos de hipocrisia. Não interrompam o cotidiano das serpentes; elas não buscam no homem seu veneno.

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