Voltamos a refletir sobre tão sublime e importante tema, pelo fato de vislumbrarmos que o coração somente é visto como órgão produtor de patologias, pensamento que é uma constante nas mentes de grande parte da classe médica, como da população como um todo. Portanto, convidamos os leitores a vê-lo de uma forma mais romântica, objetivando minimizar os medos e os pavores, com o toque filosófico do sentimento.
Símbolo do afeto, do amor, dos sentimentos mais profundos e do caráter de uma pessoa, o coração desde sempre entrou para o imaginário de homens e mulheres como lugar onde são guardadas as emoções. Mesmo que a ciência tenha feito algumas tentativas de distorcer o âmago dessa temática, respondemos, é no coração e ao coração que nos referimos quando falamos de sentimentos, crenças, entrega e intimidade.
A nossa intenção nessas linhas tem a conotação de celebrar alguns achados — imagem, momentos, emotividade — que mostram como o coração é visto ou vislumbrado em diversos lugares e em situações tão variadas, como em um parque, uma rocha, uma cena de marte, ao acaso, e principalmente no fato antológico de que um cardiologista não pode pensá-lo de forma restrita, e não enxergá-lo somente pela ótica técnica/científica, ou seja, como órgão que representa a bomba da vida, que pode fraquejar e produzir patologias.
Simplesmente, direcionar o seu olhar às mil formas que ele pode adquirir e nos surpreender.
Durante milênios, o coração foi considerado um órgão sagrado, centro misterioso das emoções humanas, local onde se concentra a força e a sabedoria. Enquanto os demais órgãos trabalham em silêncio, o coração vibra, dando acordes sublimes e permanentes de sua presença, e talvez por isso tenha sido um dos primeiros órgãos de que o homem teve consciência. O passo seguinte foi associar o coração aos sentimentos e emoções que alternavam o seu ritmo normal: amor, medo, susto, sensações marcantes, intensas de momentos especiais.
Ao simbolizar as emoções, o coração passou a fazer parte, desde os tempos remotos, de expressões em todos os idiomas que o correlacionaram ao estado da alma, ao amor, à afeição e à generosidade.
Para termos noção de sua força simbólica, quantos adágios populares o coração deu origem, citando-se: "coração partido", "do fundo do coração", "pessoa sem coração", "fazer das tripas coração", entre muitos.
Encerramos essas linhas com uma reflexão que nos sensibiliza e referenda todo o contexto do assunto exposto, que não poderia ser outra senão a sentença lapidar de Pascal: “o coração tem razões que a própria razão desconhece".