Juca era uma dessas figuras ímpares, que surgem em grandes intervalos de tempo, como os cometas, era uma rara unanimidade, em nosso meio intelectual e cultural. Não quero crer que houvesse alguém que não gostasse de Juca.
Sempre gentil, educado, cordato, sempre calado, do pouco falar e do muito fazer, Juca nos acolhia com o sorriso, de boca e olhos, como era o seu habitual. Não era de rir, mas o sorriso nos conquistava, por estar ali a prova indelével e inquestionável do acolhimento do amigo.
Sempre gentil, educado, cordato, sempre calado, do pouco falar e do muito fazer, Juca nos acolhia com o sorriso, de boca e olhos, como era o seu habitual. Não era de rir, mas o sorriso nos conquistava, por estar ali a prova indelével e inquestionável do acolhimento do amigo.
Estive com ele na terça-feira passada, por acaso. Saí para caminhar com Alcione e o encontramos sentado, num banco da calçadinha do Cabo Branco, de costas para o mar, olhando a barreira. Brinquei com ele, dizendo que havia insistido com Alcione, em ir até ali, porque eu tinha de dar um abraço nele. Ele sorriu. Mudou a expressão triste e longínqua em que estava mergulhado, no momento em que o avistei. Não sei se ele já percebia que iria nos deixar ou era apenas mais um dos seus momentos de homem taciturno. Não há como descobrir.
A notícia inesperada de sua partida nos deixa tristes, mas sabemos que ele semeou e viu brotar entre nós a amizade, a paz, o carinho e o sorriso que nunca há de se apagar.
Que Deus na Sua infinita Misericórdia o acolha na Luz e espalhe o conforto na sua família, conforto colhido nas boas obras que Juca fez quando esteve entre nós e que há de continuar a fazer na sua nova morada, iluminando a espiritualidade com a sua bondade e seu amor.
Nota do Editor: O Cisne de Saint-Säens homenageia a chegada de Juca Pontes aos luminosos lares do espírito.