O Pesadelo!

Eu sou um cara que não sou adepto dessas modernidades. Outro dia vi numa rede social um homem grávido — que negócio mais estranho, pode ser normal para os outros, mas para mim! Não tenho nada contra. Cada um faz o que bem entende do seu corpo e da sua vida. Mas que é estranho, eu acho.

Eu nunca tive desejo de ser pai, de ter filhos, prefiro cachorros, tenho os meus que dou atenção, cuido e eles me fazem carinho e companhia. Gosto muito de namorar, até casar eu acho bom, já foram quatro casamentos. Mas filhos, ou namorar mulher com filho, não quero. Essa experiência nunca mais! Você já começa a relação com um ponto menos, sempre vai ficar em segundo plano, se o filho ou filha estiver na disputa de qualquer coisa,

Ramiro Furquim

até de um travesseiro. Estou fora! Mulher que gosta de política, de futebol e com filho, nem pensar.

Namorei, quase casei com uma esquerdopata, estava apaixonado, e achei que iria fazer ela esquecer o barbudo, sem sucesso. E ainda tinha dois filhos. Não sei onde eu estava com a cabeça. As crianças não podiam ser contrariadas, tudo deveria ser conversado e respeitado o momento delas. Um dia, a menor resolveu brincar com a comida do almoço. Salada na mesa, as folhas de alface, os tomatinhos e os pepinos viraram brinquedos. Não aguentei, falei para tirar as mãos da comida, a mãe responde— deixa Pimpão, (meu apelido que ela colocou), a menina está tendo uma experiencia sensorial. Experiencial sensorial vou ter eu, quando tiver uma dor de barriga depois de comer essa salada. A menina, minutos antes estava mexendo no furico do gato e nem lavou as mãos. Fiquei puto, me levantei e fui tomar cerveja, tomei umas dez, sozinho. A namorada nem percebeu minha saída, estava fazendo um vídeo para postar a proeza da criança nas redes sociais e compartilhar com as amigas mães.

Bebi todas e fui para minha casa. Tão torto que estava, adormeci no tapete da sala. Ai começou meu

Petra

pesadelo, eu sonhei que estava grávido, igual ao homem que tinha visto no celular. E a minha barriga inchando, e uma coisa remexendo dentro, fiquei apavorado, corri para o hospital, estava fechado, corri para a Upa tudo fechado e a barriga crescendo, e eu aflito, desesperado. Começou a dar uma dor terrível, eu pensei, — é agora vai nascer! Meu Deus!

Acordei sem estender o que estava acontecendo, era tudo tão real. Estava todo molhado, uma água escorria pelas minhas pernas, pensei, será que foi de verdade e a bolsa rompeu? E o bebê? Meio tonto, ainda bêbado, descubro que tinha feito xixi no tapete. Que vergonha, preciso mudar os meus conceitos, para não ter mais pesadelos. Será que consigo?

Tomei banho, joguei o tapete fora e fui ver os meus cachorros. Que alívio! Preciso arrumar outra namorada, acho que vou ao pagode, lá eu consigo uma namorada mais do meu jeito. Nunca mais passo nem perto de parquinhos, não quero correr riscos nem em pesadelos.

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