Se Caetano Veloso fosse criar “Sampa” hoje talvez mudasse um dos versos mais emblemáticos para:
“É que Narciso acha feio o que não é Facebook”.
Não só Facebook, mas redes sociais de modo geral.
Elas, as redes sociais, foram feitas para que possamos cultuar nosso narcisismo, na medida em que estimula as curtidas, os “amei”, “uau”, compartilhamentos e comentários em cada postagem.
“É que Narciso acha feio o que não é Facebook”.
Não só Facebook, mas redes sociais de modo geral.
Elas, as redes sociais, foram feitas para que possamos cultuar nosso narcisismo, na medida em que estimula as curtidas, os “amei”, “uau”, compartilhamentos e comentários em cada postagem.
Talvez por isso algumas pessoas vez por outra ameaçam sair das redes sociais (alguns saem de verdade), ao se sentirem ignoradas em suas postagens.
Somos naturalmente carentes de atenção e nas redes sociais isso fica mais evidente.
E pensar que Narciso também é confundido com o Cupido.
Nada contra a autoadmiração, claro, desde que sem exagero, porque tudo que é demais abusa.
E depois, como digo em um poema de meu primeiro livro, quem não for narcisista atire a primeira pedra... ...no espelho!:
Poema narcisista
(o espelho é minha alma...)
sou narcisista
estupidamente narcisista
não nazista
nem stalinista
nem collorista
ou qualquer outro “ista”
irritante e exibicionista
sou apenas narcisista
(o espelho é meu guia...)
sou narcisista
politicamente narcisista
não comunista
nem monarquista
nem capitalista
ou qualquer outro “ista”
desnecessário e alienista
sou apenas narcisista
(o espelho me acalma...)
sou narcisista
ingenuamente narcisista
não umbandista
nem adventista
nem catolicista
ou qualquer outro “ista”
religioso e contritista
sou apenas narcisista
(o espelho me alicia...)
sou narcisista
literariamente narcisista
não concretista
nem positivista
nem parnasianista
ou qualquer outro “ista”
complicado e radicalista
sou apenas narcisista
(o espelho é minha alma
o espelho é meu guia
o espelho me acalma
o espelho me alicia)
sou narcisista
pretensiosamente narcisista
e quem não for
atire a primeira pedra...
... no espelho.
(Poema do livro "Os zumbis também escutam blues e outros poemas”)