Hoje, confio a ti, pergaminho envelhecido meus segredos, quase adormecidos impressões guardadas na lembrança... Hoje...

Minhas mãos...

poesia paraibana vania farias castro
 
 
 
Hoje, confio a ti, pergaminho envelhecido meus segredos, quase adormecidos impressões guardadas na lembrança... Hoje, confio a ti amigo paciente: acerbas angústias, vagando em minha mente fervilhando ante a dor da traição. Hoje confio a ti meu companheiro e amigo gravar em símbolos o que o mundo antigo falando apenas, perdeu na imensidão: do tempo, do espaço, do compasso mas as linhas que hoje aqui traço são as veias do meu coração! Tu és o responsável pela ascensão da fala a um grau mais elevado e digno dos registros que passam à autenticidade. Minha oralidade hoje te deseja bem como te ama com a real certeza que gravarás meu som, em forma de gemido. Hoje, me rendo a ti, amado confidente relatando em lágrimas como uma criança meus dramas angústias, antes da nascente Hoje, mais uma vez, confio-te meus segredos de quem vive há muito tempo num degredo: minhas ambiguidades, culpas e meus medos... A dor enviada pela solidão. Me curvo pra ti, como aconselharam: sábios de hoje, como os do passado na certeza de tua origem fidalga. És tu o meu servo, quando a ti falo quando imprimo em ti para que salves a dança da megera e louca, mas minha paixão! Mas gravas também, as dores de um luto exultação de júbilo e êxtase no minuto do parto feliz que tive em um verão: Trouxe para à vida, minha criação Filho amado do meu pobre coração que ao nascer o fez se tornar rico!


Minhas mãos...
Hoje imóveis, como meus sentimentos sem função, apenas lamento comiseração, perdão sofrimento penhorei meus sonhos meu futuro incerto pensei que o amor se encontrava perto Maia me acordou com a triste notícia estávamos num palco dublê de artistas éramos figurantes da triste comédia trágica e ridícula sem métrica ou régua perdida estou, feito o palhaço sem o picadeiro seu antigo palco Chocolate bêbado vendo seu retrato limpando os estercos pulmões perfurados! Onde minha glória? Esperança, sorte hoje os holofotes me abandonaram!


Acalma teu coração angustiado teus temores, dúvidas e aflições busca consolar os deserdados apascentar sua fome de algum pão agasalha outros com o alívio da manta de palavras de esperança Eis que de Deus tens o Sublime ouvido de tuas pesarosas petições! Levanta-te companheiro amolentado preso no madeiro do fracasso para saíres desse estado necessário dar o primeiro passo. Acorda desse sono agitado entre os lençóis de tua angústia lembra-te de Jesus crucificado que jamais usou da torpe astúcia rogando ao Pai por todos nós no transe dos erros e fracassos escolhendo-o entre dois ladrões para ser Cordeiro crucificado. Alegra-te irmão de caminhada pela vida, nesta escola oficina lembra-te que a felicidade é a única fatalidade e nossa sina!

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