Recentemente iniciei os estudos do idioma Tupi-Guarani (Nhandewa, falado em São Paulo e Paraná, basicamente). O tronco Tupi se apresent...

O Dia 19 de Abril: Vamos falar de Epistemicídio Linguístico

Recentemente iniciei os estudos do idioma Tupi-Guarani (Nhandewa, falado em São Paulo e Paraná, basicamente). O tronco Tupi se apresenta de forma distinta. Na Paraíba estuda-se o Tupi-Potiguara e me questiono sobre a diversidade de línguas tupis.

O idioma Tupi-Guarani é altamente complexo e nos remete a diversas consoantes inexistentes no português. Essa característica se deve ao fato de ter havido uma "reinvenção", ocasionada
Distribuição dos povos nativos na costa brasileira no Séc. XVI ▪ Fonte: Wikipedia
pela interferência dos jesuítas e de José de Anchieta.

Não há no tupi original as letras (fonemas): b, c, f, h, j, l, q, s, v, x e z. As consoantes existentes são: DJ, Gw, K, KW, M, MB, N, ND, NG, NH, P, R, T, TS, TX, W. O Tupi-Guarani possui seis vogais: a, e, i, o, u, y. Essa vogal y se assemelha ao U francês, na forma "do bico", mas sai da nossa garganta. É um som que não existe nas línguas de origem latina.

Em muitos aspectos a fonética se assemelha à língua japonesa, sendo o idioma japonês muito mais fácil de se assimilar quanto à fonética de seu alfabeto silábico. Pretendo prosseguir no estudo do Tupi-Guarani e retomar o idioma japonês.

As palavras de origem indígena (tupi, desconsiderando os demais troncos linguísticos) não correspondem ao verdadeiro tupi. Jamais se pronunciaria "Paraíba", mas "Para — y — wa", tendo esse y o som já explicado. "Peruíbe" nem pensar, por causa da sílaba "be", e assim por diante.

H. Huntington, 1879
Há um epistemicídio linguístico que atribui à origem indígena nomes que não correspondem à fala tupi, como 'lua' que significa em tupi "Djatsi" e não "Jaci", porque não há nem "J" nem "C". O epistemicídio linguístico me chamou a atenção. A complexidade da língua originária não foi repassada de forma fiel pelos jesuítas por outra questão específica: as palavras no idioma tupi são criadas a partir da interação com o meio, inclusive a partir de sons onomatopaicos e de aspectos sacralizados. Meu professor de Tupi-Guarani é o militante indígena Luã Apyká, Guarani, do Estado de São Paulo.

Em breve, farei outras considerações sobre o 19 de Abril. Até breve. Aweté Katú, txeirū kwery!

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