Evita morreu de câncer aos 33 anos e seu corpo foi mantido num sistema de embalsamento contínuo à espera do término da construção do mausoléu, o que não ocorreu porque o General Aramburu “destronou” Juan Domingo Perón 3 anos depois e assumiu a presidência da Argentina. Naquela ocasião, o chefe do serviço de inteligência, Coronel Koenig, invadiu a sede da CGT e encontrou o corpo dela. Informado, o presidente Aramburu temeu que os peronistas sequestrassem o cadáver e o usassem como bandeira. Sabia que Evita morta teria um potencial político bem maior do que viva.
Apesar das sugestões para cremá-la, dissolver seu corpo em ácido ou jogá-lo no rio La Plata, decidiu enterrá-la num local secreto. O cadáver que até então estivera escondido atrás da tela do cine Rialto foi removido para a casa do Major Arandia, onde ficou até que uma noite ele ouviu ruídos e pensando serem peronistas roubando o corpo, fez uma série de disparos com sua pistola e ... matou sua esposa por engano. Naquela altura o coronel Koenig havia desenvolvido uma relação doentia com o cadáver de Evita, levando-o para seu escritório e segundo informações que chegaram ao presidente Aramburu passara a exibir o corpo aos amigos, urinando e masturbando-se em cima do cadáver. Ele foi removido para a gélida Patagônia e o coronel Cabanillas assumiu seu lugar com a missão de tirar o corpo do país. Com a ajuda do capelão Rotger enterraram o cadáver em Milão, Itália, sob o nome de Maria Maggi de Magistris. Em 1970 o grupo terrorista Montonero sequestrou Aramburu e exigiu que ele informasse onde estava o corpo de Evita. Diante da negativa foi assassinado.
Em 1971 o coronel Lanusse chegou à presidência da Argentina e mandou entregar o corpo ao exilado Perón, que morava em Madri com sua terceira esposa, Isabelita, sempre acompanhado de um assessor peculiar, José López Rega, conhecido como o bruxo. Esse bruxo passou a usar o cadáver em rituais horríveis, incluindo deitar Isabelita sobre o corpo com o objetivo de fazer a alma de Evita incorporar nela.
Em 1973, Perón regressou à Argentina e venceu as eleições, tendo Isabelita como vice. Ante o aparente esquecimento do corpo de Evita na Espanha, os Montoneros sequestraram o corpo de Aramburu (esse sofreu, viu!) e propuseram sua troca pelo regresso do cadáver de Evita. No ano seguinte Perón morreu, Isabelita assumiu a presidência e enfim, em setembro, o corpo de Evita voltou à pátria. Dois anos depois, um violento golpe militar depôs Isabelita e os militares que assumiram o poder devolveram o cadáver para familiares, que o sepultaram no cemitério da Recoleta, onde finalmente descansa em paz.
Fui visitar o túmulo e à saída parei no bar Biela, onde tomei um delicioso Angelica Zapata, enquanto escutava essa incrível história contada por Pepe, meu amigo portenho de longas datas.