ANCESTRALIDADE
(Não sei o que faço falando por sua boca, brotando sabe-se por qual poro de sua existência. ) O som como se soletram os mortos, o remorso, a solidão da passagem das sombras, o interlúdio, o ludibrio das expectativas, as cartas reembaralhadas e seu cheiro de saudade, algum resto de tinta revestindo as paredes dos sonhos, e o testemunho da História que é sua, dentre tantos esquecidos.
(Não sei o que faço falando por sua boca, brotando sabe-se por qual poro de sua existência. ) O som como se soletram os mortos, o remorso, a solidão da passagem das sombras, o interlúdio, o ludibrio das expectativas, as cartas reembaralhadas e seu cheiro de saudade, algum resto de tinta revestindo as paredes dos sonhos, e o testemunho da História que é sua, dentre tantos esquecidos.
SUMIDOURO
Em tese estou além das cortinas Um estar incontinente arrumando os cristais para a euforia dos homens Mas a sutileza do gozo depende da discrição do poema pois a máquina urge e não está nem aí para a palavra.
Em tese estou além das cortinas Um estar incontinente arrumando os cristais para a euforia dos homens Mas a sutileza do gozo depende da discrição do poema pois a máquina urge e não está nem aí para a palavra.
À FRENTE
Deixa que o tempo pare para sempre
no quadrante do relógio que me deste.
Anna Akhmátova
A vida é ir,
só te resta como consolo
o arrependimento ou a revolta.
Encontros, que feliz experiência,
que restos, que imagens dispersas
nos momentos inquietos, terríveis.
Quem sabe as asas soem,
a beleza se apresente, imensa,
e permaneça, reticente.
A vida é ir,
e isto não é uma conclusão estúpida.
Ao norte de mim mesmo
fica a eternidade.SOMENTE UM PENSAMENTO
Não vou falar o nome das coisas, elas se bastam em sua incompletude Nome e sobrenome do homem, este ser de farpas e paixões O enredo, o embrenhar no azul, é uma busca do eterno no desmedido No ínfimo, substituto da razão, o consolo, o suspiro de alívio Não vou falar o nome das pessoas, elas são muitas e várias em seus tons de voz, de súplicas, de verdades.
Não vou falar o nome das coisas, elas se bastam em sua incompletude Nome e sobrenome do homem, este ser de farpas e paixões O enredo, o embrenhar no azul, é uma busca do eterno no desmedido No ínfimo, substituto da razão, o consolo, o suspiro de alívio Não vou falar o nome das pessoas, elas são muitas e várias em seus tons de voz, de súplicas, de verdades.
A PARTE FINAL, ANTES DA DESPEDIDA
Um caminho que trazia, justo, sem espaço para volta. (Olhar de comer tristezas, o que me diz desta cama errada?) Restei cru como o linho em meu leito de nascer.) E encontrei um nome comum, daqueles que nos perdoamos por esquecer, e, assim vestido, resolvi caminhar este resto de tarde. (A vida é mais irônica que as palavras.) Qual o encontro, não sei. (Também é justo não contarmos com a medida e sim com a surpresa.)
Um caminho que trazia, justo, sem espaço para volta. (Olhar de comer tristezas, o que me diz desta cama errada?) Restei cru como o linho em meu leito de nascer.) E encontrei um nome comum, daqueles que nos perdoamos por esquecer, e, assim vestido, resolvi caminhar este resto de tarde. (A vida é mais irônica que as palavras.) Qual o encontro, não sei. (Também é justo não contarmos com a medida e sim com a surpresa.)