O Surrealismo foi uma das vanguardas artísticas que surgiu em Paris no início do século 20. Esse movimento mantinha a finalidade de evitar o racionalismo e o materialismo da sociedade ocidental. Manifestou-se com mais intensidade na pintura, e expandiu-se na escultura, literatura, teatro e no cinema. A causa que gravitou a origem desse fenômeno artístico foi a incerteza sobre a preservação da paz mundial, que levou ao desejo de "viver apenas o presente". Isso surgiu no período entre as duas guerras mundiais de 1914 até 1945. Aquela época é conhecida como "os anos loucos", porque caracteriza-se pela insatisfação, desequilíbrio e contradições.
Por causa disso, surgiram movimentos artísticos em quase todos países que criavam novas interpretações e expressões da realidade.
O Surrealismo teve como precedente o Dadaísmo e a pintura metafísica do pintor italiano Giorgio de Chirico (1888-1978). E na década de 1930, na perspectiva da sociologia da arte, os artistas surrealistas de grande visibilidade que impulsionaram essa revolução foram estes: poeta romeno/francês Tristan Tzara (1896 – 1963); poeta francês Paul Éluard (1895 – 1952); poeta e escritor francês André Breton (1896 – 1966); pintor, escultor e poeta alemão Hans Arp (1886 – 1966); pintor espanhol Salvador Dali (1904 – 1989); pintor francês Yves Tanguy (1900 – 1955); pintor alemão Max Ernst (1891 – 1976); poeta, romancista e ensaísta francês René Crevel (1900 – 1935) e o pintor, fotógrafo e cineasta norte-americano Man Ray (1890 – 1976).
O Manifesto Surrealista foi apresentado por André Breton em Paris, em 1924. Segundo ele, “O Surrealismo é o automatismo psíquico puro pelo qual se propõe exprimir, seja verbalmente, seja por escrito, seja de qualquer outra maneira, o funcionamento real do pensamento. Ditado do pensamento, na ausência de todo controle exercido pela razão, fora de toda preocupação estética ou moral”. Nesse manifesto, observa-se que um dos princípios é a isenção da lógica e a admiração de uma realidade superior, chamada "maravilhosa". Naquele mesmo ano, circulou o primeiro número da revista A Revolução Surrealista, que reunia todos os meios de expressões artísticas.
As principais características do Surrealismo são estas: pensamento livre; expressividade espontânea; influência das teorias da psicanálise; criar uma realidade paralela; gerar cenas irreais; valorizar o inconsciente. Tudo isso é com a finalidade de supervalorizar a imaginação, bem como as pulsões indizíveis da loucura e a utilização da sua reação automática. Nessa perspectiva, o artista deve deixar-se levar pelo próprio impulso inconsciente, registrando tudo o que lhe vier à mente, sem se preocupar com a racionalidade, nem com as técnicas de uma construção ou das regras da lógica. Diante disso, os artistas surrealistas tinham como objetivo usar o potencial do subconsciente e dos sonhos como fonte para a criação de imagens fantásticas. Assim, as artes plásticas e a literatura eram vistas como um meio de expressar a fusão dos sonhos e da realidade em um tipo de realidade absoluta e/ou uma "surrealidade". Considerando isso, no início do século 20, o estudo da psicanálise estava em desenvolvimento por meio das pesquisas do neurologista e psiquiatra austríaco Sigmund Freud (1856 – 1939) - o que veio a influenciar significativamente o surrealismo. E o grande impacto da psicanálise deu-se na pintura, que se expressou de forma figurativa e a abstrata. Em ambas, adaptou as técnicas de escrita automática dos poetas surrealistas. A intenção era liberar a mente do controle consciente e produzir um fluxo de ideias do subconsciente. Por isso, o surrealismo se expressa por meio dos sonhos, onde objetos são conduzidos em uma sobreposição inesperada.
As obras de arte do Surrealismo que mais se destacam por representarem os fenômenos psíquicos são A Roda da Luz (1925) de Max Ernst, que utilizou a técnica frottage. Em 1925, esse pintor alemão - antes dadaísta - inventou a técnica "friccionar". Nesse método, o artista fricciona o lápis (ou outro material) em um papel sobre uma superfície texturizada. Assim, imagens surgem e são usadas como aparecem ou servem como base para um novo desenho. Outra sua obra é Epifania (1940). A sua técnica empregada é a decalcomania, que é deslocar a tinta em superfícies como vidro ou metal e pressiona-se sobre um apoio de tela ou de papel, suas formas resultantes são trabalhadas espontaneamente.
Outra obra é Carnaval de Arlequim (1924-25), do pintor espanhol Joan Miró (1893 - 1983). Ele cruzou a fronteira entre a observação do "modelo externo" e símbolos que fluíam do subconsciente. Geralmente, seu processo de criação se dava em estado de alucinação, entretanto, sua composição é altamente organizada através da intervenção do controle consciente. Um artista que sofreu certa influência de Miró foi o norte-americano Jackson Pollock (1912 — 1956).
Na vanguarda do movimento Surrealista o artista de grande destaque é o pintor belga René François Ghislain Magritte (1898 — 1967) com sua tela A traição das imagens (1929), que é uma de suas obras mais famosas. Esse pintor rejeita a suposta espontaneidade do automatismo por considerá-la falsa. Trabalhava com imagens que, à primeira vista, pareciam convencionais, mas às quais dava um caráter bizarro por sobreposições. Outro de grande visibilidade é o Salvador Dalí com sua obra A persistência da memória (1931). Dalí tornou-se um membro oficial do grupo surrealista, e deu a ele um novo ímpeto com seu método de atividade paranoica. Ele interessava-se por condições mentais anormais e, em particular, por alucinações.