As complexas relações humanas nesta contemporaneidade apresentam a necessidade de priorizar o novo conceito de ‘poder’ quando uma ação d...

Poder e Liberdade

michel foucault filosofia
As complexas relações humanas nesta contemporaneidade apresentam a necessidade de priorizar o novo conceito de ‘poder’ quando uma ação de uma pessoa intenciona agir sobre uma ‘conduta de outro ser humano’, com a condição de que quem manda deixa ao outro a possibilidade de questioná-lo e a escolha de cumpri-lo ou não. A partir disso, pode-se considerar que só existe ‘poder’ no consentimento, sem o uso da força nem da violência, isto é, na dinâmica da liberdade. Por isso, só há seres livres nessas relações de poder. Essa tese foi criada pelo filósofo, psicólogo, historiador, filólogo,
Fonte: Le Sémaphore
crítico literário e professor francês Michel Foucault (1926 – 1984).

As contribuições do pensamento de Foucault são estudadas nestas três fases: a primeira, na década de 1960, conhecida por "arqueologia das ciências humanas”, apresentou um estudo sobre as estruturas das ciências humanas, em especial da História e das Ciências Sociais. Também da Filosofia, da Linguística e da Literatura. As principais obras desse período arqueológico são As palavras e as coisas (1966) e Arqueologia do saber (1969); a segunda, a partir dos de 1970, investigou as formas de subjetivação e do poder. Ele criou análises filosóficas por meio do método genealógico. Nesse período os livros que mais se destacam são Vontade de saber (1973). A verdade e as formas jurídicas (1973), Vigiar e punir (1975), Microfísica do Poder (1979); a terceira, ele pesquisou a vida sexual dos gregos antigos, com a finalidade de compreender a cultura grega em o uso dos prazeres e de descobrir o modo como a sociedade grega encarava a sexualidade. O livro que se destaca nessa fase a História da sexualidade (1976 - 2017) (I - A vontade de saber, 1976; II - O uso dos prazeres, 1984; III - O Cuidado de Si, 1984; IV - Os prazeres da carne), não chegou a ser concluído.

michel foucault filosofia
O período genealógico de Foucault foi influenciado por seus anos de clínica psicológica em manicômios, prisões e pelo método genealógico do filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor prussiano Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900). A partir daquele ambiente tenso e complexo e do modelo de gestão da administração pública, observa-se que o seu pensamento sugere que a humanidade seria organizada em formas e em momentos diferentes por intervenções dos poderes locais - conhecido por “biopoder” - de modo a lidar politicamente com elementos relacionados à vida - conhecido por “biopolítica” -, que se manifesta através das práticas disciplinares e tem como alvo o conjunto dos indivíduos. Por isso, deve-se atender as necessidades e os desejos dos cidadãos. Diante disso, entende-se que a “biopolítica” é a prática de biopoderes locais. Em ambos poderes, a sociedade é tanto o foco como instrumento em uma relação de poder. Por causa disso, Foucault ao comentar sobre A governamentalidade (1978), em Microfísica do poder (1979, pp. 277 - 293), afirma que:

“Os instrumentos que o governo se dará para obter esses fins que são, de algum modo, imanentes ao campo da sociedade, serão essencialmente a população sobre o qual ele age”.
michel foucault filosofia
Urban Museum
Os estudos de Foucault propõem que o poder e a liberdade não são incompatíveis. Também afirma que a democracia não é uma forma de governo em que cada um pode fazer o que bem quiser, isto é, sem vinculação com os outros. E é no modo de se exercer o poder que se deve buscar uma harmoniosa relação entre ética e política. Por consequência, a liberdade é autônoma, ou seja, deve-se estabelecer a própria lei e ser responsável por ela e pelo seu cumprimento e resultados, porque sem responsabilidade não há liberdade. Esse seu argumento responsabiliza que não se tem o direito de reclamar quando não há coragem de reconhecer que também se erra. Nessa perspectiva, a liberdade existe enquanto se está em relação de respeito com outras pessoas. E só não há poder quando houver violência, seja entre o professor e o aluno, entre pais e filhos, entre governante e governado, entre patrão e empregado, entre todos, independente de sejam amigáveis ou conflituosas. O poder está presente em todo lugar em que há relações humanas e deve priorizar o cuidar do outro com a finalidade de preservar a dignidade humana na sua mais expressiva liberdade e felicidade.

Fonte: Wikimedia
O poder só acontece entre pessoas livres e em que sempre é possível admitir a possibilidade de questioná-lo e a escolha de cumpri-lo ou não. Por causa disso, deve-se deixar de dizer que todos os males se devem aos outros que não o obedecem. Também, evitar de dizer que uns são só bons e outros são maus. Percebe-se, então, que não se deve lutar contra o poder, e, sim, de compreendê-lo e de mudar as suas relações em que se está envolvido. Considerando isso, é o jeito de exercer o poder que vai determinar se suas relações são eticamente corretas ou não, seja nos relacionamentos, também nas instituições públicas.
Nota Sinta-se convidado à audição do CDX Domingo Sinfônico, das 22h à 0h. Em João Pessoa-PB, sintonize FM 105.5 ou acesse por meio do portal da Rádio Tabajara .

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