Acredito que, pelo fato de ser médico, as minhas incursões na literatura brasileira foram preponderantemente focadas e norteadas na ...

Mergulhando em Guimarães Rosa

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Acredito que, pelo fato de ser médico, as minhas incursões na literatura brasileira foram preponderantemente focadas e norteadas na vida e na obra de Guimarães Rosa, que também pertenceu ao discipulado hipocrático.

João Guimarães Rosa, verdadeiramente o maior intérprete, no mundo, do vasto universo literário brasileiro, e, inquestionavelmente, o reinventor da autêntica língua portuguesa. Basta ler, ainda que de soslaio, as obras do médico, diplomata-escritor e acadêmico, para se ter certeza dessa verdade.

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Por isso, "Grande Sertão: Veredas" é a mais completa lição sobre o nosso país, nos seus multifacetados aspectos sociais, geográficos, políticos, econômicos, estilo de vida, estrutura familiar, hábitos alimentares, inovação linguística, sem olvidar lampejos filosóficos e sabenças regionais, valores da intimidade e dos costumes dos Sertões das Minas Gerais.

Personagem, por exemplo, da sensibilidade e faro humano de Riobaldo Tatarana, o caboclo-narrador de “Grande Sertão: Veredas”, quando solta sabedoria, ensinando: “O real não está nem na saída nem na chegada. Ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”.

Ou então, a insegurança sentimental de Diadorim sobre a duração da chama do amor, quando lamenta nostálgico: “O amor é uma neblina”.

Nesse campo, guardadas as devidas proporções, o mesmo dilema, aguçando o gênio de Machado de Assis, em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, quando desolado, desabafou: “Marcela amou-me durante quinze dias e onze contos de réis”.

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Guimarães RosaArquivo Nacional
Guimarães Rosa usava bem a régua e compasso na montagem de seus textos literários, separando o joio literário do trigo cultural. Assim, na textura de "Grande Sertão: Veredas” ele vivenciou a questão, quando doutrinou: "A estória não quer se tornar história".

Como num passe de mágica conseguiu associar os dois valores. Sem dúvida, obra de gênio e épico reinventor da língua portuguesa.

Razão, pois, teve o cronista Paulo Mendes Campos, quando observou de forma solene que “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, e “Folhas de relva”, de Whitman, são os dois únicos poemas épicos do continente americano.

E assim, portanto, fizemos uma pequena sinopse do rico conteúdo que envolve a vida e a obra do grande escritor brasileiro, Guimarães Rosa. Um homem que marcou época no mundo literário nacional e internacional, fazendo questão de salientar, que esse cardiologista na forma de curioso,
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Antônio Dias dos Santos
Acervo de família
peregrinou nos meandros da história desse notável escritor e de outros também, folheando páginas e mais páginas na eclética e rica biblioteca do meu saudoso pai, médico e humanista de escol, Antônio Dias dos Santos. Uma legenda da medicina tabajara, procurando desde cedo acoplar o contexto humanístico, ao futuro médico que íamos nos tornar, numa busca intrépida, de não nos tornar apenas um médico tecnicista, e sim um médico que fizesse a diferença, unindo os valores científicos, aos atributos do verdadeiro médico, aquele que une a ciência, aos aspectos humanísticos, que não são outros senão, penetrar no rico universo da intelectualidade, buscando perenemente mergulhar de corpo e alma nos campos diversificados do saber cultural e filosófico.

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  1. 👏👏👏👏👏👏👏👏🧵✂️🪡

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  2. José Mário Espínola12/3/23 22:36

    Guimarães Rosa mais que reinventou o português: ele INVENTOU o brasilês, deu matéria à forma do brasileiro falar.
    Excelente texto, muito bem escrito.
    Palmas!

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