De repente a pandemia fez o mundo ficar triste. Agora, ao que parece, foi suspensa ou se ultimou. Ninguém sabe se ainda volta, vestida...

A tão sonhada convivência em harmonia

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De repente a pandemia fez o mundo ficar triste. Agora, ao que parece, foi suspensa ou se ultimou. Ninguém sabe se ainda volta, vestida de corona ou com outra fantasia. Pouco mais é carnaval. Que a saúde se resguarde, que a folia prevaleça, traga outras alegrias, e nas máscaras se reflitam a enganar a nostalgia.

Mas tristeza tem dois lados e nos fazem refletir, comparar, evoluir. A vida surpreende, toda hora, todo instante, não adianta se enganar. De repente muda tudo, como foi na pandemia.

Walter F. R. Tyndale, 1913
Dentro da rotina imposta, restrita ao resguardo, pensamentos nos chegavam pelas sombras do infinito... Como estava o outro lado, outros povos e nações?... Alguém noticiava: Lá na Itália o panorama é deveras mais penoso...

Ah Itália, muito linda, há apenas poucos meses passeávamos na Toscana. Ladeiras e encostas, tudo em ti era beleza. Do batente à cornija, da janela à portinhola, a arte se enroscava com graça e harmonia. Foste idem testemunha de que a vida surpreende. Como já surpreendeu tantas vezes no passado. A vida, como dizes, no “teu filme” é muito bela, mas é vida, e como vida, quem duvida já se foi.

E a mente ia solta, povoando a quarentena... Era a única liberdade, ainda que fugaz. De pensar, imaginar, desdobrar-se por aí. Restava a leitura, escutar uma sonata, espiar sobre a janela, ver as aves pelo céu, tão alheias e libertas. Que vontade de ir com elas…

As ideias iam e vinham, se aquietavam, pousavam no real, ao redor do que havia na cabeça e na notícia, que corria feito louca, sem controle, sem razão, entre o falso e o verdadeiro.

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Walter F. R. Tyndale, 1913
O vírus se espalhava, implacável, obstinado, tornava a humanidade mais humilde, de joelhos. Queria do orgulho o perdão tão necessário, testava nosso amor, nos dava grande prova, mesmo que à expiação jamais compreendemos o que é ser solidário.

Esse vírus vinha de Deus? Como tudo o que existe! E não dá pra reclamar, porque dentre outras graças, que também são passageiras, somos tanto vulneráveis quanto efêmera é a vida que varia só de lado.

É verdade que em alguns a vivência sábia e mestra abre brechas nas arestas e ilumina a razão. Há gente que aprende mais na dor do que no amor. Mas mesmo que o destino ofereça o privilégio da lição que se revela no traçado inexorável, é a ilusão que prepondera. Ilusão do egoísmo, da falta de união, sobretudo dos que têm o poder em suas mãos.

Passou-se a pandemia, ensaiou-se a alegria, mas vieram outras pragas e de volta a nostalgia. Desrespeito, preconceito, vaidade, hipocrisia, tudo o que há mais distante do que é sabedoria. Foi-se então a esperança de que aquela epidemia nos trouxesse a tão sonhada convivência em harmonia.

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  1. Boa noite, Germano. Atividades totalmente fora dos costumes tivemos que enfrentar. Nos reconstruímos para enxergar uma nova realidade e sobrevivermos. Tudo muito diferente enfrentamos. Depois o pós-pandemia. Será que retornamos as nossas vidas? Forte abraço, Regina Lyra

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