Ontem te vi partir fechado como um livro esquecido na estante queria teu olhar por mais alguns instantes mas só vi indif...

Segredos de Teseu

poesia paraibana vania farias castro
 
 
 
Ontem te vi partir fechado como um livro esquecido na estante queria teu olhar por mais alguns instantes mas só vi indiferença qual espora. Esperava que no livro eu leria mil histórias de amores, desamores dissabores esperança renúncia, belas conquistas de teu passado memória... Ainda tentei chamar tua atenção pra mim minhas saias rodadas quase chegando ao chão sapatilhas coloridas nos meus pés em movimento queria teu olhar quiçá por alguns momentos pra banhar todo meu corpo que deixaste esquecido qual boneca fria, inerte coberta por seu vestido colorido desbotado com os botões descobertos já bem gastos pelo tempo Mas partiste intimorato sequer olhaste de lado preciso compreender que tenho todo atestado que o meu sonho de ontem retrata nosso presente Vi alguém se aproximando em um carro na penumbra te pegaram sem rodeios deixando-me aturdida naquela triste avenida escura qual puro breu Mas esquece, segue em frente não tento mais entender como fogueira tão grande com labaredas a ferver nossos líquidos de amores prazeres pólens de flores me cobrindo de prazer apagou-se de repente sem aviso, incoerente dúbio louco mal querer deixando cinzas somente.
Quando alguém fala de dor de afeto e de desejo de noites insones sem ar de tardes frias e medo Chegas com pressa e ofegante descobrindo o amante das cortinas enegrecidas das cinzas, voltas à vida! Tocas meu corpo com zelo ou fúria e sofreguidão deixas marcas em meu corpo como desenhos no chão Falas baixinho segredos do Teseu no labirinto bebi contigo o absinto viajei por mares negros pacíficos, com calmas ondas Fui Ariadne querida presa a ti, por fino fio agora forte arrepio percorre minha espinha Fui o agave, a piña bebi contigo a tequila embriagada sorvi teu desejo ao meio dia! Também fui a bordadeira do tapete inacabado esperei-te a vida inteira mas chegaste atrasado
Quando te sinto me ilumino encontro-me, surjo das cinzas Fênix leve se aproxima. Novo encanto hoje me anima Quando te sinto, sinto a presença só nuvens claras, a quintessência sou terra fértil pra receber-te sou água doce pra tua sede sou ar sou éter, pra te amar fogo aceso te incendiar! Quando te sinto teu hálito doce meus poros abrem não há mais noite só claro sol, inebriando meu corpo aceso, em abandono... Quando te sinto sinto-me viva pro meu banquete hoje te espero como conviva!

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