Ao analisar o belo e a arte, Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1762), filósofo iluminista alemão, publicou o seu livro Aesthetica s...

Representações da sensibilidade estética

violoncelo jacqueline du pre
Ao analisar o belo e a arte, Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1762), filósofo iluminista alemão, publicou o seu livro Aesthetica sive theoria liberalium artium (1750). Essa obra é composta de duas partes, uma teórica, na qual estuda as condições que proporcionam o conhecimento sensível que dizem respeito à beleza; outra, a prática, a qual contém os princípios necessários à formação do gosto e da habilidade artística através de um exercício estético contínuo. Suas pesquisas priorizam os estudos das sensações, e fundamenta a estética com o objetivo de entender o belo, de forma a construir uma teoria da significação de beleza. No livro citado acima, isto é, Estética ou Teoria das Artes Liberais, Baumgarten (1993, p. 99) afirma que:
violoncelo jacqueline du pre
“O belo é a perfeição do conhecimento sensível”. Foi a partir desse trabalho que o termo Estética se tornou uma disciplina filosófica.

A teoria baumgarteana apresenta a filosofia da vivencia do sentir, isto é, ciência do modo sensível do conhecimento de um objeto que expressa o belo, que está fundamentada em suas Meditações (1735), que é considerada a passagem da Poética à Estética. Noutro trabalho, ele enriqueceu - a experiência do sentir - no primeiro capítulo de sua Metafísica (1739), intitulado “Psicologia empírica”, que constituiu a estética comprovada na psicologia, entendida como teoria metafísica da alma. (BAUMGARTEN, 1993, p. 57). A partir disso, observa-se que a estética é a ciência do conhecimento sensível.

Alexander Baumgarten, ao referir-se ao objetivo da arte, apresenta a autonomia da Estética, que representa, também, a abstração aos desejos divinos, o qual é a expressão das sensações no juízo estético, isto é, distinguir o conhecimento intelectual do conhecimento sensitivo. Por causa disso, fundamenta a expressão da sensibilidade, bem como da sensualidade. Por ser uma manifestação sobre o corpo, o livro A ideologia do corpo do filósofo e crítico literário britânico
violoncelo jacqueline du pre
Terry Eagleton (1943), afirma que: “A Estética nasceu como um discurso sobre o corpo. Em sua formulação original [...] o termo não se refere primeiramente à arte, mas como o grego aisthêsis, a toda a região da percepção e sensação humanas, em contraste com o domínio mais rarefeito do pensamento conceitual. A distinção que o termo “estética” perfaz inicialmente, em meados do século XVIII, não é aquela entre “arte” e “vida”, mas entre o material e o imaterial: entre coisas e pensamentos, sensações e ideias; entre o que está ligado a nossa vida como seres criados opondo-se ao que leva uma espécie de existência sombria nos recessos da mente. É como se a filosofia acordasse subitamente para o fato de que há um território denso e crescendo para além de seus limites, e que ameaça fugir inteiramente à sua influência. Este território é nada mais do que a totalidade da nossa vida sensível – o movimento de nossos afetos e aversões, de como o mundo atinge o corpo em suas superfícies sensoriais, tudo aquilo enfim que se enraíza no olhar e nas vísceras e tudo o que emerge de nossa mais banal inserção biológica no mundo.” (EAGLETON, 1993, p. 17).

Jacqueline Mary du Pré (1945 - 1987), violoncelista britânica ▪ "Lied ohne Worte", Op. 109, de Felix Mendelssohn, e "Allegro Appassionato", Op. 43, de Saint-Saëns
Durante o século XVIII, buscava-se novos fundamentos para a formação da identidade humana. Por consequência, a arte fundamentava-se contra o engessamento da racionalidade. Nessa situação, Baumgarten apresentou, na natureza humana, a existência da capacidade natural de potencializar a sensibilidade, e isso está para o mundo sensível assim como a razão está para a realidade inteligível. Essa aproximação apresenta uma relação entre o sensível e o inteligível, e o reconhecimento de “algo belo” somente é possível se está em conformidade com a unidade formal do pensamento, bem como a percepção do que é belo só é na medida em que se apresenta a si mesmo. Na estética baumgarteana, o que a eleva de uma causa sensivelmente bela a um belo pensamento é a união dos objetos em nosso pensamento. Essa referência é feita, segundo Baumgarten (1993, p. 127), a “União dos objetos que devem ser pensados de modo belo com as causas e efeitos, à medida que esta união deve ser conhecida sensitivamente através do análogo da razão”. E segue nesta afirmação: “Esta união dos objetos em nosso pensar corresponde àquilo que denomina de unidade estética, a qual se constitui na unidade dos limites internos”. (Ibid., p. 128). Nesse sentido, ele confirma isto: “A verdade estética é a harmonia dos nossos pensamentos com o objeto do pensar, se esta verdade é oposta à falsidade estética”. (Ibid., p. 131).

COMENTE, VIA FACEBOOK
COMENTE, VIA GOOGLE

leia também