Existencialismo é um sistema filosófico que está concentrado na análise da existência e do modo como seres humanos têm vivência no mund...

Limite da angústia

sartre existencialismo quatro paredes
Existencialismo é um sistema filosófico que está concentrado na análise da existência e do modo como seres humanos têm vivência no mundo, a fim de encontrar o sentido da vida através da liberdade, da escolha e responsabilidade. Uma das conclusões afirma que os seres humanos existem primeiramente e depois cada indivíduo passa a sua vida mudando a sua essência. Esta tendência surgiu e se desenvolveu na Europa entre a primeira guerra mundial (1914—1918) e a segunda guerra mundial (1939—1945). É caracterizada por centrar a sua análise no viver, entendida esta como realidade individual que representa uma reação humanista contra toda a forma de alienação,
sartre existencialismo quatro paredes
Jean-Paul Sartre (1905—1980)
isso potencializa o indivíduo a não se limitar a uma objetivação abstrata à sobrevivência.

O existencialismo recebeu a contribuição do filósofo, romancista e dramaturgo francês Jean-Paul Sartre (1905—1980). Publicou L'Être et Le Néant (O Ser e o Nada), de 1943, e L'Existentialisme est un Humanisme (O Existencialismo é um Humanismo), de 1946. Ele afirmava que a existência precede a essência, ou seja, primeiro o indivíduo existe; depois, determina a sua essência, através das suas ações e forma vida. Ele analisava como os indivíduos se tornam parte duma comunidade, e como os fatores sociais e econômicos influenciam à vida humana.

O livro O Ser e o Nada disserta o conceito sobre a liberdade. Uma das suas teses afirma que a natureza humana não tem essência e nem existe nenhuma singularidade para que sejamos humanos. Diante disso, conclui-se que os seres humanos são lançados numa existência sem nenhuma transcendência, porque esse existencialismo afirma que o indivíduo escolhe o que quiser se tornar, isto é, “o ser humano é livre”. E quando uma pessoa permite que os outros decidam por ela uma forma de viver, essa escolha também é livre, independente dela se tornar o que os outros esperam dela. A liberdade não garante o sucesso quando se escolhe fazer algo, e a causa do fracasso pode ser algo que sempre está fora da própria capacidade, entretanto, o indivíduo é responsável por construí-la, e de como reagir ao fracasso. Sartre afirmava que o indivíduo é responsável pelo que faz ao cotidiano e pela maneira como ele gerencia suas emoções no seu fazer.
sartre existencialismo quatro paredes
Por causa disso, observa-se que se deve admitir que a pessoa é a única responsável pela própria tristeza ou alegria, isso é uma forma de ser livre.

Após a segunda guerra, na conferência O existencialismo é um humanismo, Sartre apresentava a existência humana inserida na angústia. A partir disso, conclui-se que o ser humano é responsável por tudo que faz. Nessa situação, a angústia se torna insuportável porque tudo que se faz com a própria vida se adapta ao outro como um sentido de vida. Desse modo, fugir da angústia é não seguir modelos, por isso deve-se ser livre a fim de escolher as próprias decisões. Esse existencialismo apresenta a tese de que todo ser humano se encontra primeiro como existente no mundo e depois tem de decidir o que fazer com a própria vida. Nesse seu livro, citado acima, encontram-se estes argumentos:

“Sou responsável por mim mesmo e por todos, e crio uma certa imagem do homem que eu escolho: escolhendo a mim, escolho o homem";

"Viver é isto: ficar se equilibrando todo o tempo entre escolhas e consequências”;

"Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo";

"A gente se desfaz de uma neurose, mas não se cura de si próprio".

A tese que gravita o existencialismo de Sartre afirma que “a existência precede a essência”. Afirmava que a vida só tem significado quando atribuímos a ela um sentido por meio das nossas escolhas, apesar de a morte surgir e acabar com esse sentido. Diante desse conflito, descrevia o ser humano como “uma paixão inútil”. Ele disse que não há absolutamente nenhum propósito na existência humana. Nesse argumento, conclui-se que só há o sentido de viver quando o indivíduo a cria a partir das próprias escolhas. Considerando que a existência humana não tem significado, porque não há respostas que expliquem tudo.

sartre existencialismo quatro paredes
"Entre Quatro Paredes" (Huis Clos) Théâtre de la Potinière, Paris, 1946Fonte: B. Halle
Sartre, no ano de 1944, escreveu uma peça teatral Entre Quatro Paredes, que conta a história de três pessoas condenadas a passar a eternidade confinadas em um mesmo quarto. Com esse confinamento, o relacionamento que se desenvolve entre elas é tão desgastante que um personagem termina a peça dizendo: “O inferno são os outros”. A visão de inferno, nesse sentido, é real quando se tem que passar a eternidade próximos a pessoas indesejadas. Por isso, o inferno é resultante de uma vida de relacionamentos negativos. Com isso, outros sentimentos são envolvidos nessa relação, como sofrimento ou angústia, que são da condição da existência humana. Entretanto, ele admitia que também há relacionamentos saudáveis. Além do mais, para qualquer indivíduo preocupado com os relacionamentos sociais e envolvido na busca de uma vida saudável, ele responsabiliza a necessidade de refletir sobre si mesmo, e com quem quer compartilhar a própria vida, com a finalidade de observar as influências e consequências que exercem uns sobre os outros, e sobre o que se pode fazer para encontrar a felicidade.

Sartre considerava a existência humana um absurdo, entretanto, afirmava que não se deve perder as esperanças, e admitia a possibilidade de ser feliz diante da angústia, para isso, apresentava a necessidade de construir a própria felicidade, a fim de dar sentido à dignidade humana.

COMENTE, VIA FACEBOOK
COMENTE, VIA GOOGLE

leia também