Jesus é diácono por excelência, o primeiro a servir com plenitude. Desde os primeiros momentos quando apresentava o Reino de Deus, o essencial na vida das pessoas, foi no sentido de exercitar a koinonia cristã em sua perfeição. Na nascente comunidade de seguidores foi seu primeiro diácono. A instituição da Eucaristia, a Crucificação e a Ressureição marcam seus gestos de suprema diaconia. Ele, servidor, abraçou com fervor o projeto do Pai.
A diaconia de Jesus se concretiza, plenamente, na Cruz, de onde brotaram os caminhos da Salvação, tornando-nos participantes de Sua vida.
A diaconia de Jesus se concretiza, plenamente, na Cruz, de onde brotaram os caminhos da Salvação, tornando-nos participantes de Sua vida.
O objetivo da diaconia de Jesus é a humanidade, sobretudo com olhar para os pobres, porque Ele é o Servo. Cristo é servidor da unidade. Diácono da ternura. Uma ternura que até os dias atuais repercute, eternizada em gestos e atitudes de seus seguidores espalhados por todo o Universo.
Servo da solidariedade, bom samaritano, Jesus colocou sua vida a serviço dos homens, não hesitou em lavar os pés, servir e cear com os Apóstolos (Mc 14, 22-24; Lc 22,17-20; Mc 10,43-45; Mt 10-24). A cada celebração da Eucaristia é repetido o gesto entre nós, no Pão e no Vinho partilhados, sua presença e sua energia que nos impulsionam e alimentam.
Pão partilhado, vidas renovadas. Renovadas na esperança e na crença no pedaço de pão e no gole de vinho purificados, que são a vida conduzida pela fé por ele implantada.
O diácono quando olha para Jesus, supremo diácono, é convocado a levar a mensagem deste a todos os recantos. Um serviço executado pela fé, na esperança, com caridade, porque quem faz isso “é a mim que o faz”.
Revela o Papa Francisco que, se o diácono deseja seguir a Jesus, deve imitá-lo. Ser humilde de coração e compreensivo em relação ao povo, além de saber preservar a fé, guardar o que lhe foi confiado, evitar conversas frívolas (1Tm 6,20), estar disponível a escutar o povo.
O belo é um ideal difícil de ser conquistado. Sendo o mais belo personagem da História da humanidade, Jesus deu beleza estética na ternura do diácono.
Assim como Jesus, que foi diácono no silêncio, sejamos nós, diáconos, os olhos da Igreja para que não esqueçamos os pobres, sobretudo os oprimidos.
O poeta Jorge Luís Borges afirmou em um de seus livros que todo o presente é verdadeiro e que “Deus, de Quem recebemos o mundo, recebe de Suas mãos criaturas do mundo”.
Meditando sobre este pensamento do poeta argentino, que perdeu a visão para melhor ver com os olhos do coração, cheguei a uma conclusão de que devemos trabalhar as criaturas para devolver a Deus em estágio de compreensão do mistério da vida e da morte, da Eucaristia e da Ressureição.
Fiquei a pensar que o homem é capaz de desenhar o mundo, e ao longo do tempo povoar os espaços de obras e ações capazes de contribuir para melhorar a vida das pessoas, seja das cidades ou das montanhas. A missão é a mesma.
Somente podemos dar aos irmãos aquilo que captamos do coração e revelamos pelas palavras, o que não é menos íntimo, a ser útil no hoje e no amanhã. “Só podemos dar o amor, do qual todas as coisas são símbolos”, afirmou Borges, em julho de 1968.