O Budismo prega o desapego como antídoto para o sofrimento. O desapego material, mas até mesmo não guardar sentimentos e emoções.
Embora estude o Budismo e admire sua doutrina, essa parte do seu dharma é bem difícil de praticar, principalmente em relação a sentimentos. Como dizia o Legião Urbana, “sou um animal sentimental; me apego facilmente ao que desperta o meu desejo “.
Em relação a objetos e bens materiais, sim. Cada vez mais pratico o desapego. O último bastião estava nos livros. Hoje, não mais. Depois que os leio, não me incomoda passá-los adiante.
Não gosto de emprestar, mas hoje vejo que livro é para circular mesmo. De que adianta eu ter uma estante com 500 livros intocados, quando um monte de gente poderia estar lendo e usufruindo da sabedoria, da poesia ou da ficção presentes neles?
Claro que tenho os livros intocáveis, aqueles que recorro sempre para meus estudos, além de alguns dicionários. Mas os demais, boto pra circular. Inclusive os de minha autoria, onde tenho no máximo dois exemplares de cada que foi publicado.
Por falar em Budismo, li matéria interessante da jornalista Lua Lacerda sobre a influência do Budismo na poesia de Augusto dos Anjos, publicada no G1 Paraíba. Lua é uma jovem jornalista, com muito talento e que respeita as fontes em suas matérias.
Como minha pesquisa de mestrado foi sobre Augusto dos Anjos e o Budismo, ela me entrevistou. A pesquisa resultou no livro, publicado pela Editora Ideia e já esgotado, "O nirvana do Eu: os diálogos entre a poesia de Augusto dos Anjos e a doutrina budista".
Nele, não tento provar que Augusto era budista, e nem era, na verdade. Mas mostro as influências do Budismo em sua poética, não apenas na utilização de termos budistas em alguns poemas, mas na assertiva de que “tudo é sofrimento”.
Não custa lembrar que o primeiro poema do EU, de Augusto dos Anjos – Monólogo de uma sombra – vem com vários termos budistas em seus versos, como “samsara”, o ciclo do renascimento para os seguidores de Sidarta. Aliás, o primeiro verso do poema já diz: “sou uma sombra, venho de outras eras”, o que remete ao renascimento.
Alguns costumam me perguntar se sou budista. Sim e não. Fui criado em família católica e fiz todos os rituais dessa religião, além de acreditar na mensagem de Cristo. Mas não costumo ir a igrejas e pratico rituais budistas, como a yoga, a meditação, etc, além de estar sempre lendo os sutras de Buda.
Enfim, estou no mundo para aglutinar e não segregar.