Ao ler o texto “Um banho de lembranças”, de Germano, pensei que talvez ninguém entenda o significado de suas palavras, assim como as emoções que ele descreve, mais do que eu, seu único irmão, companheiro de muitas alegrias e tristezas. Tudo que Germano relatou, nesse lindo texto escrito com o coração, posso dizer que vivenciamos juntos. A lembrança da partida de nossa mãe, e do período que logo se seguiu, estão ali, encravados na minha memória, gravados para sempre.
Todo ano relembramos juntos seu aniversário. Hoje estou bem mais velho do que ela quando nos deixou, mas acho que se ela voltasse agora, me veria como se eu fosse ainda um menino. As mães são assim. Os filhos são sempre meninos.
Menino. E é como me sinto mesmo, menino. Lá dentro de mim está um menino, que adorava sua mãe mais do que qualquer coisa na vida. Um menino que quando ia dormir pedia secretamente em prece para nunca ficar sem ela, para ir antes, mesmo que fosse precocemente , só para não ter que suportar a mais terrível dor que poderia conceber.
Mas, não quis o destino que assim fosse, e as preces do menino não foram ouvidas... Mas, quando se deu o desenlace, o menino tinha virado homem, aprendido muitas coisas, talvez pronto para enfrentar o que mais temia. E, aparentemente, pôde sobreviver…
Além disso, tinha para lhe confortar a presença providencial de um pai sábio e de um irmão amigo. O pai, seguindo o curso natural das coisas, também partiu. E o irmão, que também aprendeu muito, amadureceu como ninguém, hoje escreve lindas crônicas, como essa de hoje, feitas com palavras saídas diretas do coração.
Faz 39 anos que ela partiu! ... Ou foram 39 dias? Mas... nenhum deles sem tê-la no pensamento! Nenhum instante sem sua presença na memória consciente (e inconsciente). À noite, ela e papai sempre aparecem, nos sonhos, com sua voz tão familiar. Aí vivemos mais ainda sua companhia, prolongamos nossos momentos juntos, vivemos… Porque a vida também acontece nos sonhos...
Entre sonhos e memórias, ali estão sempre eles. Enquanto eu estiver, eles estarão... Enquanto eu viver, eles viverão em mim. Disso tenho certeza.
Obrigado, Germano, pelo belo texto e por nos lembrar a data de hoje, Ao lê-lo, sinto como se estivéssemos compartilhando vívidas lembranças de um sonho que já foi real, e de uma saudade eterna. Eterna como o tempo...