A vegetação de Caatinga com pontos verdes de algumas chuvas esparsas, as plantas belas e igualmente hostis com seus inúmeros espinhos, pedras perdidas no espaço como marcos de um mundo distante, os bichos escondidos à espreita e sobre a paisagem o Sol reinante que alcança praticamente todos os recantos. Aos humanos, animais estranhos, o astro rei torna-se ainda mais inclemente. A definição, por mais estranha que pareça, é de uma espécie de paraíso.
É assim que a mente define aquela região paraibana após visitá-la. Olhando o mapa ela surge despretensiosamente como sem encantos. Um grande engano. O Sítio Arqueológico Pedra do Altar, no município de Barra de Santana, às margens da BR-104, oferece aos visitantes vários atrativos naturais.
Rio Paraíba / Sítio Arqueológico Pedra do Alatar, Barra de Santana (Paraíba)
Clóvis Roberto
Porém, antes de embarcar na aventura, é preciso estar preparado. A trilha é considerada de nível intermediário. Portanto, requer certa forma física, uma roupa leve, um calçado apropriado, um chapéu, bastante protetor solar, um recipiente cheio de água (bastante água) e um lanchinho. Trilheiro pronto. É indicado ter um guia para mostrar a região. São algumas horas de esforço físico, compensado pelo colírio das paisagens e um banho delicioso nas águas do Rio Paraíba.
Clóvis Roberto
Primeira parada é a chamada Pedra do Criminoso, também conhecida como Pedra da Noiva. O primeiro nome é derivado pelo fato do local oferecer uma bela visão da região, o que era aproveitado pelo famoso cangaceiro Antônio Silvino e seu bando. Já a segunda denominação é referente à história de uma noiva que após ter o romance desfeito teria se jogado do alto da pedra para a morte.
Clóvis Roberto
Depois, seguindo a trilha em meio à vegetação recheada de coroas-de-frade, marmeleiros, facheiros, xique-xiques, mandacarus e outros tipos de cactos, típica da Caatinga, palavra de origem indígena que significa “vegetação branca” ou “vegetação cinza”, por conta da aparência seca devido ao clima da região.
E lá se vai a fileira de humanos curiosos pela trilha até chegar ao Lajedo das Macambiras. Uma “ilha” de pedra no meio da vegetação agressiva e do Sol abrasivo. Do alto, a região se apresenta em grande beleza. Lá embaixo, o leito rochoso com suas pequenas cachoeiras, o Rio Paraíba, a correr.
O próximo passo (ou melhor, centenas de próximos passos) é retornar, pegar uma nova trilha até unir-se ao caminho que leva ao rio, no meio de um vale. A descida é razoavelmente íngreme, cheia de degraus cravados pelo tempo e pela passagem das pessoas.
Ao término, abre-se a paisagem com grandes pedras montadas sobre um leito rochoso do rio. De um lado, a pedra enorme que dá nome a parte do lugar; do outro lado, uma formação rochosa onde os indígenas realizavam seus rituais religiosos, o altar. O lugar é um afloramento de gnaisse, um tipo de rocha encontrada no leito do Rio Paraíba. A região é conhecida, também, como Vale da Lua Paraibano.
Clóvis Roberto
O cenário explica a denominação: muitas rochas esculpidas pela água, o Sol e o tempo, onde surgem caldeirões e cachoeiras. O banho é refrescante e revigorante. Um oásis em meio à Caatinga. Nada melhor que trilhar e banhar-se nas águas do Rio Paraíba, provar um pouco da Paraíba.