A região do Brejo, com suas riquezas naturais, a força criadora de sua gente e a vontade de progredir, está presente no romance do jor...

Muito além da Baixa do Mel

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A região do Brejo, com suas riquezas naturais, a força criadora de sua gente e a vontade de progredir, está presente no romance do jornalista Rubens Nóbrega, que chega às nossas mãos. A “Baixa do Mel” (Ideia, 2022), nos leva a caminhar soltos pelas paisagens humanas dos entrançados acontecimentos familiares que o autor utiliza para prender a todos com sua narrativa.

Muitas das histórias do livro, inventadas ou recriadas, de certa forma são conhecidas de muitos, principalmente de quem nasceu e conhece a realidade da região do Brejo. O autor viveu na infância em Bananeiras, e com certeza presenciou fatos marcantes na história da cidade e do lugar.

Fernando Oliveira
A leitura escorre lentamente, como as águas dos riachos entre os canaviais, com fatos, pessoas e ambientes descritos em linguagem cadenciada. Não poderia ser diferente, mesmo porque o autor é jornalista atuante, como se dizia antigamente, ocupou posição de realce na parte de cima onde estão os mais destacados das redações, entre repórteres e editores.

Depois de incursionar pelas redações dos principais jornais da Capital, sempre em cargos relevantes, seja como repórter, mas principalmente editor, Rubens Nóbrega já havia publicado livros em outros gêneros, como a seleta de contos e crônicas “Histórias da Gente” (2013). Também incursionou na ficção com a novela “Poderosa Isaura” (2019), então, decidiu partir para um projeto mais ambicioso, no terreno do romance.

Foi justamente essa militância em jornais e rádios da Capital, quando presenciou e vivenciou fatos de toda a natureza, seja na esfera política, esportiva ou policial, que fez de Rubens o antenado repórter que soube, com a pena levar, transformar muitos desses acontecimentos em uma obra de semificção.

Livraria do Luiz
Como destaca o professor Chico Viana no prefácio, “Baixa do Mel” é uma mistura de ficção, jornalismo e registro sociológico. Nas primeiras páginas do romance, o leitor se depara com o afogamento do menino Duílio em açude da comunidade. Tendo isso como pano de fundo, o autor arrebanhou pequenas outras histórias para compor a narrativa.

O modo como transcorre a narração, em linguagem solta, o livro é de leitura agradável, que a gente pega sem querer largar. Gonzaga Rodrigues varou a noite em sua leitura, mas eu a realizei aos pedaços, sem perder o fio condutor do roteiro.

Lembro que nos anos finais da década de 1970, frequentador assíduo do terraço de Nathanael Alves para escutar as conversas de jornalistas, escritores, poetas e gente de cultura onde se reuniam, geralmente nas noites de sábado, em determinada ocasião, o anfitrião falou acerca da nova geração de jornalistas que surgia, citando, nominalmente, a dupla de irmãos Rubens e Robson Nóbrega, Nonato Guedes, Carmélio Reynaldo e Walter Galvão como nomes que haveriam de galgar espaços nas redações e na cultura.

Walter Galvão, Nonato Guedes e Carmélio Reynaldo (jornalistas paraibanos)
A profecia se cumpriu. Todos estes obtiveram êxitos em jornais, deixaram um legado que serve de espelho para os jovens que chegam para ocupar as redações. Mesmo que os jornais já não tenham aquele clima romântico de outrora, devemos ressaltar o trabalho que estes, apontados por Nathanael com galhardia e futuro brilhante, realizaram nas redações por onde passaram.

Em algumas oportunidades trabalhei com Rubens, com Robson, com Nonato, com Carmélio e com Galvão, e testemunho que todos exerceram a atividade de jornalista com denodo e responsabilidade.

O seu autor ainda poderá ofertar à Paraíba outras obras de inestimáveis valores. Principalmente se escrever suas memórias, mesmo que adotando o sistema de semificção. Aguardemos.

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  1. Nunes, como se não bastasse a opinião de Nathanael, você ainda me brinda com sua valiosa avaliação. Começo o ano de 2023 muito bem. Obrigado, querido.

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