Melhor abraçar as feras Abracei alguns amigos e fui apunhalado com os projéteis da calúnia e maledicência com as lâminas ...

Melhor abraçar as feras

poesia paraibana vania farias castro

Melhor abraçar as feras
Abracei alguns amigos e fui apunhalado com os projéteis da calúnia e maledicência com as lâminas afiadas da indecência transferindo para mim, seus desequilíbrios e taras Outros, recebia em meu lar com alegria escolhia os lençóis para aquecer com simpatia e cobrir seus corpos ávidos por prazer e mordomia descobria assustado que bem logo amanhecia fugiam apressados à procura de euforia. Os momentos coloridos em que eu os recebia os pratos preparados com amor e confiança usaram aquelas facas como afiadas lanças a lançarem a indiferença em meu rosto em agonia Abracei familiares com carinho e desvelo com cuidado e afeto por dias e anos inteiros mas fui apunhalado com abandono e indiferença numa mostra cabal de que não faz diferença ser parente, aderente, primo tio ou estrangeiro. Abracei alguns colegas com cuidado e simpatia com colaboração acolhimento e alegria mas fui apunhalado com a inveja e malícia descobrindo assustado a origem da intriga. Abracei desconhecidos com atenção e desvelo mas fui apunhalado pela ganância e desespero ao furtarem objetos para lucro e sossego de seus bolsos, ou carteiras, já furados sem o zelo do respeito, confiança, etiqueta ou qualquer freio. Mas agora resolvi por abraçar apenas feras pois quiçá ainda terei a esperança que me espera de poder domar a sede, ou a fome que as norteiam ou por fim ser retalhada para o almoço ou suas ceias.


Quando de tua partida meu coração se fez breu não sei o que aconteceu ao tempo de tua ausência Saber que a impermanência é uma das sagradas leis Fez-me sem coroa um rei bailarina sem os pés Fez de mim ébrio demente pelas praias de meu bairro a procura de tua voz do versejar de teus lábios quando nas tardes mornas colada ao teu corpo quente sentíamo-nos adolescentes descobrindo a castidade a morte qual fria serpente envenenou feito Iago Foi ciúmes, hoje sei despeito, inveja maldita e hoje me vendo aflita coberta por negro véu rogando em lágrimas ao céu por nossa paz e equilíbrio a megera se deleita pois sabe não ser aceita muito menos ser amada deixando luto e lágrimas nos casebres ou palácios portando afiada adaga ferindo por onde passa Hoje amargo a desgraça de teu consórcio com ela de todas, a mais feia megera desfilando pelas praças!


Alguns amigos se vão deixando o peito dorido outros desertam do afeto o coração sente alívio… Coisa estranha e até maluca as vezes pesando a culpa por sentirmo-nos tão serenos brincando quais os pequenos leves igual uma pluma. Ontem te vi enrugada por trás da máscara sorrindo percebi de inopino que a farsa sempre existiu pela espinha o arrepio nos pés os dedos gelados onde o cavalo alado Pégaso, nas lutas da vida da adolescência sadia? Mas Maia nada acrescenta à mente sempre desperta melhor a má descoberta com muitos anos de atraso que a Quimera escondida. Espero que sobrevivas a tua falsa amizade e à memória covarde invertendo os registros das vivências do passado pois melhor descobrir tarde que continuar iludida! Hoje vejo que a partida já se deu há tempo longo quando esperava o rebento com alegria incontida Foste a negra mensageira do mal, armadilha infame deixando-me caída exangue após teu golpe covarde.

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