Desejar uma vida com boa qualidade nas relações sociais e um teto para morar não parece ser uma exigência além do aceitável. Banalizar uma relação amorosa na qual uma das partes se entregou por anos a fio, isso, sim, é lamentável, dentro de alguns termos vividos pelo casal. A vaidade reúne uma maneira quase louca de fazer acontecer certas situações em detrimento de um desejo intenso e persistente, em ser aceito por alguém ou
se manter estático no tempo, belo como já foi, insistindo na manutenção de uma atitude pretensamente boa para seu corpo, mas que não faz bem à saúde de quem escolhe por essa busca em permanecer no topo.
Aprender é bom, e nosso tempo é agora, porque a vida tem muita força. As coisas humanas nos levam a algum lugar. Por isso não devemos nos desassistir com decisões arriscadas à nossa saúde. Uma maneira de nos salvar dessa escolha é sentir o que o outro tem em seu íntimo para nos oferecer, retirar nossos olhos do próprio umbigo e transpor atenção ao outro sem anomalias ao nosso corpo, mas sim Humanidades.
Jorge Luís Borges nos deixou uma frase para pensar:
“Houve pela primeira vez a morte. Já não me lembro se foi Abel ou Caim. Na verdade, não importa, vamos ocupar o lugar de quem morre, e de quem mata a vida inteira”.
Todas as manhãs a vida se renova e traz novas oportunidades ao amanhecer. O discurso sempre é para todos. Possuímos tempo útil de existência. Ou você tem alguma pílula verde que possa limpar seus rins?
O que fica mais difícil de engolir é o poderio político com base no uso de bombas. A Ucrânia não tem forças para bater no gigante que pisa na sua porta. A determinação de seu povo que sofre a dezenas de anos, a perda de liberdade e soberania podem não ser o suficiente. Não há valores que possam ser compartilhados com o inimigo. São invasões sem limites, focadas em banir a liberdade social de quem tenta respirar fora da agressão dominante, que por vezes vem de dentro de casa.
A invasão da Ucrânia é considerada um ataque ao planeta, mesmo que tenha sido motivada por um copo cheio de impaciência, mas que transbordou. Tentar recomeçar em algum lugar da próxima fronteira e não se despedaçar antes de morrer. É isto o que resta àquele povo após o disparo da bomba. Sendo esse o começo da busca de uma hipótese de sobrevivência, os lamentos na estrada se amplificam com as dores de um isolamento longe de seus familiares. Uma guerra define o perfil do líder que a iniciou, quase similar ao sangue que escorre em suas mãos, pois nada justifica a tomada de outros territórios a bala. Essa foi uma violação dos direitos civis e políticos, da paz e do caminhar solene de um povo que deseja viver e criar sua prole. Essa população quer uma relação com a sociedade, pacificamente e progressista, em que haja possibilidade de decidir como seguir dignamente e não ser colonizado por milícias e grupos exageradamente armados. E o que vem depois: ser cuspido de volta pra casa?
Para comer, pode sobrar somente massa com cinzas.