Num fenômeno artístico, geralmente, uma “obra de arte” é criada como uma necessidade humana que surge a partir da relação de estranheza entre o processo da vida e a materialização da arte. Diante disso, é possível encontrar uma relação das transformações sociais e históricas com um acontecimento cultural. Por isso, o desafio de entender a arte em sua manifestação social, faz-se necessário unir várias análises que constituem as interpretações de cultura que orientam os seus autores. Essa divergência teórica foi estudada pelo sociólogo alemão Georg Simmel (1858—1918). No seu ensaio O conceito e a tragédia da cultura (1911), ele analisa a relação do ser humano com a realidade do mundo, o que dá início ao processo entre sujeito e objeto.
Segundo Georg Simmel, a “cultura” surge a partir da aproximação entre a “alma subjetiva” e o “produto espiritual objetivo”, por consequência, apresenta a síntese desses dois elementos, que expõem a “obra cultural” de forma independente.
Fonte: Wikimedia
O debate sobre a relação entre arte e sociedade leva a duas interpretações filosóficas opostas. A primeira analisa a “arte pela arte”, e consiste na afirmação de que a arte só é arte se não se aprisionar nas circunstâncias históricas, econômicas, políticas e sociais. Essa compreensão conduz ao formalismo, em que a “perfeição da forma da obra de arte” é o que deve ser considerado, essa é máxima e única prioridade. A segunda defende uma “arte engajada”, na qual o artista deve tomar uma posição crítica, lutando por conduzir a sociedade ao bem-estar social e conscientizar o público ao bem comum, bem como a felicidade de todos. Isso apresenta um conteudismo, no qual a mensagem que a obra de arte deve passar é a preocupação principal, mesmo
Frida Kahlo (1907—1954), artista plástica mexicana, em seu estúdio.
As contribuições dos estudos de Simmel afirmam que ao considerar o artista como criador, a intuição que gera a “obra de arte” estabelece a relação do autor e sociedade, de forma a apresentar o espaço social do “sujeito solitário” e a realidade social em extremos opostos. Desse modo, a partir da tomada da objetividade do sujeito, a sua consciência individual constrói a sua percepção de existência.
Diante do aspecto sociológico da criação artística, as contribuições da arte, observada ao longo da História da humanidade, define-a como um fenômeno social de intuição criadora que se concretiza na obra do artista, com o objetivo de suscitar no ser humano e na sociedade sentimentos estéticos, também de sublimações coletivas. Diante disso, pode-se concluir que existe na “obra de arte” a inspiração ou a intuição criadora do artista, que é um fenômeno psicológico encontrado em diversos atos da sua existência que constituem uma comunicação humana e/ou um produto social que apresenta afetos ao se manifestar num sentido estético de vida. Simultaneamente, o elemento social da arte é derivado das interações humanas que, no tempo, criam conceitos, sentimentos individuais e/ou coletivos nos quais o artista se inspira, pois se dele se afasta, sua obra torna-se vazia de interesse e não desperta emoção.
Charles Umlauf (1911—1994), escultor norteamericano, em seu estúdio, na cidade de Austin, EUA
Imagem: Joseph Scherschel / Wikimedia
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