A falta de dignidade causada pelo ódio gera os perversos e os sedutores “falsos valores morais” também estimulam violentos comportament...

Arte e sua dignidade social

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A falta de dignidade causada pelo ódio gera os perversos e os sedutores “falsos valores morais” também estimulam violentos comportamentos psicóticos de massa. Todos esses sintomas são alimentados por um “poder político patológico” num determinado momento histórico de terror, bem como numa religiosidade adoecida na esquizofrenia. Por causa disso, alguns cidadãos — influenciados pela beleza da arte — constroem o próprio senso crítico com a finalidade de priorizar o ideal de pertencimento como um “bem comum de gosto estético”; também, de impulsionar as suas atitudes pacíficas na construção do bem-estar social.

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"Bahora Girl"Irma Stern ▪ África do Sul, 1945
Nos dias atuais, os sentidos de existência de muitos cidadãos estão fragmentados no medo e na mais terrível miséria humana. Diante disso, geralmente, observa-se a perda da sensibilidade e da intuição. Outra tragédia é o desaparecimento dos referenciais de respeito para com o outro. Contra essa loucura, um dos desafios é conciliar a liberdade com as determinações da “sensibilidade estética” através da própria felicidade, a partir da beleza de existir.

Johann Gottfried von Herder (1744—1803), escritor e filósofo alemão, defendia a ideia de que: “Os grandes poetas expressavam o pensamento e a experiência de suas sociedades e eram seus verdadeiros porta-vozes”. Esse argumento está fundamentado na sua obra Também uma Filosofia da História para a Formação da Humanidade (1774), que contribui para conceituar a identidade de uma nação.
A. Graff, 1785
Nesse livro, com a necessidade de pensar a história, Herder apresenta a arte para construir a dignidade/felicidade de todo os cidadãos.

A poesia como construção de uma identidade de uma nação também foi apresentada pelo poeta alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) no seu livro “Poesia e Verdade” (1811), no qual afirma que “Herder nos ensina a pensar na poesia como o patrimônio comum de toda a humanidade”. Outra sua tese, em comum com o filósofo Immanuel Kant (1724-1804) é de que: “A afirmação e os destinos de um povo são determinados pelas questões regionais, e elas adquirem uma projeção nacional e se direcionam para o universal”.

O conceito de ideal de “identidade nacional” em Herder foi influenciado pelo filósofo alemão Johann Georg Hamann (1730-1788), que é considerado um dos pensadores do irracionalismo alemão do século 18. Vários artistas e filósofos daquele século reconheceram a contribuição de Hamann para fundamentar os princípios estéticos, bem como da filosofia da arte e seus impactos nas transformações sociais ao bem-estar de todos. Isso despertava o otimismo entre os cidadãos para redescobrir a relação de harmonia entre a perfeição do universo com a beleza da natureza humana. Por isso, acreditava-se na sensibilidade do público para compreender os temas relacionados
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"Arab"Irma Stern, 1939
a essa unicidade (universo e natureza humana); e no despertar — no povo — um gosto estético a partir desse equilíbrio. Eles acreditavam que o próprio homem é o herói de si mesmo e do seu próprio povo.

Em sua outra obra Ideias para a Ideias Para Filosofia da História da Humanidade (de 1784 a 1791), Gottfried von Herder expõe a tese de que: “O homem tem sua origem a partir de uma raça e sua formação e educação e modo de pensar são genéticos”. Nesse livro, apresenta o caráter dos povos sendo o resultado dos seus traços raciais e do clima em que viviam e do tipo de vida material que enfrentavam, também da educação que recebiam. Tudo isso forma - em cada cidadão e no povo — suas características imutáveis, que estão fixadas na própria cultura e no idioma falado.

Herder afirma que a arte, o gosto e os costumes somente podem ser valorizados pelo próprio povo e pela época em que surgiram. E que o caráter nacional — no indivíduo ou no povo — o acompanhava mesmo quando emigravam, fazendo-o preservar a cultura da “Mãe Pátria”. Nessa tese, cria-se a “identidade nacional” que evidencia a cultura existente em cada povo, o que diferencia entre eles e a relação da cultura com o seu passado, isto é, a sua ancestralidade como patrimônio imaterial. Os poetas são responsáveis por extraírem essa cultura - do seu povo - através do idioma popular, da literatura, das cantigas e das lendas, a fim de renovar o tempo presente e fortalecer a cultura regional e nacional, e projetá-la para o universal.

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