Não fui uma criança que brincava de casinha, curtia bonecas, simulava salas de aula onde era professora. Nada disto faz parte das minha...

Venci a amargura

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Não fui uma criança que brincava de casinha, curtia bonecas, simulava salas de aula onde era professora. Nada disto faz parte das minhas lembranças. No entanto, constantemente volto ao passado para recordar histórias dos livros que me foram preciosos.

Desde que comecei a ler, descobri um mundo mágico onde viajava com total liberdade. Foram inúmeros livros para os quais eu transportava a imaginação e literalmente entrava na fantasia.

Lembro que ganhei a coleção da Laura Ingalls Wilder, uma escritora americana, que a cada livro, contava a história da família de pioneiros no meio-oeste americano. Estes livros me marcaram enormemente e até hoje, os leio. Além da história, eu admirava a Laura, personagem e autora, e queria muito ser igual a ela, viver as aventuras que tão bem descrevia.

Acredito que minha vontade de escrever histórias começou através destes livros.

A ideia de relatar fragmentos da minha história parecia pretensiosa, nada interessante, mas recentemente, reli o que fui registrando ao longo de vários anos e pensei que no mínimo, seria um legado para meus filhos, netos e só isto já bastava para deixar a memória flutuar através do passado.

É uma história de afeto, de saudade, de perda, mas também de alegria, recomeço, de força e principalmente de um grande amor. Tenho visto tanto desafeto, tantos desencontros, que pensei em mostrar ser possível existir amor, amizade e companheirismo em alguém que escolhemos para viver junto.

Não sou uma religiosa praticante, mas acredito com toda a fé que Deus me protege e envia anjos através de pessoas que transformam minha vida, sempre para algo melhor.
Sou agradecida por vários deles que estiveram junto a mim nos momentos que vivi, os bons, os dolorosos, os de alguma aprendizagem e aqueles, onde a dúvida prevalecia e as escolhas não eram tão claras.

Percebo que a maioria das pessoas conta história. A memória é generosa em trazer os fatos marcantes, as tristezas, mas principalmente os momentos felizes que passamos. Todos vivemos algo significativo, algo que se sobressai à escuridão, ao tédio, às tolices que fazemos. Todos temos saudades, canções sentimentais guardadas e lugares preferidos.

Cada relato de vida é significativo, nunca maior ou menor do que outro, é apenas de cada um e deve ser lembrado, respeitado, passado para os entes queridos.

Cada texto foi elaborado com amor, com emoção e com muita saudade. Neles, organizei as cartas, e a memória dos fatos que me marcaram durante o grande período que convivi com meu marido e no qual desenvolvemos uma história juntos. Depois, acrescentei recordações intermitentes, que foram se desprendendo como folhas de uma grande e bonita árvore.

Meu objetivo foi escrever sobre sentimentos. Não só os de perda e sofrimento, mas principalmente os sentimentos de amor, afeto e também de superação.

É reconfortante ter tido uma história de vida. É gratificante ter realizado sonhos. Aprendi, que apesar dos obstáculos que me levaram ao extremo das emoções, a vida foi boa e tenho que celebrá-la a todo momento. Muitas vezes, fui tentada a ficar na inércia, corroída pelo sentimento de tristeza, tornar- me a figura patética de uma “contadora de telhas”.

Felizmente, tive força e coragem para superar, para alavancar a vida, para escrever uma nova história junto de meus filhos, netos, familiares e amigos. O título do livro “Tempo de Contar Telhas”, foi escolhido quando comecei a relatar meu momento de intensa dor.
Imaginava que seguiria “contando” telhas para venerar a saudade. Mas, fiz o inverso, lutei bravamente contra a apatia, contra o sentimento de derrota diante da morte. Hoje, sei que sou vitoriosa. Venci a amargura.

Para o futuro, desejo vivenciar o fascínio do inesperado. Preciso de acontecimentos que me surpreendam, que sejam novidades. A vida perde a monotonia quando algo desperta brilho em nossos olhos.

Do passado, quero que as cicatrizes continuem brandamente fazendo parte da memória, as que foram belas, as vividas e que deixaram minha alma entreaberta de encanto.

Do meu amor, quero que nossos nomes, Ângelo e Ângela, perdurem para sempre.

Se fomos eternos enquanto durou. Seremos infinitos como um lindo conto de amor. Este relato é para meus filhos e netos. Que vocês nunca esqueçam nossa história.
Prefácio do livro Tempo de contar telhas, a ser lançado pela autora


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  1. Li ,reli e me emocionei com cada frase do livro ,você tem o dom de simplificar e encantar.É um presente viver esta história de amor .A leitura sempre foi minha companhia e por vezes sonhei lendo "estórias"de amor e com certeza saber detalhes de sua História nos faz sonhar e acreditar que sim ...podemos construir bons relacionamentos e assim guardar memórias afetivas.Aguardando ansiosa a publicação .

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