A Primavera terminou. O Verão começou. Nem precisava recorrer ao calendário pendurado na parede para constatar isso. Tudo leva a per...

Primavera e Verão

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A Primavera terminou. O Verão começou. Nem precisava recorrer ao calendário pendurado na parede para constatar isso. Tudo leva a perceber o começo da nova estação.

As mudanças visíveis na Natureza indicavam que a Primavera trazia o Verão para perto de nós, com vento quente e mormaço avassalador.

Voltei de Serraria com essa sensação, percorri a praia do Cabo Branco na contemplação à Lua cheia, a última do ano, com a certeza de que o Verão trouxe enorme beleza à paisagem da cidade.

Ade
Essa Primavera deixa lembranças. Mas o Verão traz boas recordações do tempo em que morava no sítio. Tapuio era tomado pelo canto das cigarras e nos barreiros, no meio da vegetação, os pássaros bebiam água. Quando nos aproximávamos, rolinhas fugiam em revoada. Eu admirava tudo aquilo em silêncio.

Neste ano, quando o Brasil perdeu mais uma Copa do Mundo, a Primavera será lembrada pelas flores do nosso jardim e pela floração da vegetação de minha terra, registrada na memória.

Os canteiros e praças da cidade deram o tom desse período que deixará saudades. Temporada das folhas verdes, das flores e do vento suave que não passou incógnita porque deixou seu rastro na memória afetiva, no poema e na crônica redigida.

Nesta cidade ainda escutamos cantos de pássaros, apesar de dispersos, sobretudo nas manhãs antecipadas, no alvorecer quando bem-te-vi solitário canta na árvore ou fio da rede elétrica. Um canto que traz a saudade das Primaveras da minha infância.

Lucas Incas
Eu gostava desse período do ano por vários motivos. A começar pela safra de caju. Os cajus mais saborosos eram os bicados pelos sanhaçus. Era abundante o consumo do doce, do licor e do suco que mamãe fazia.

Era o tempo em que residia no sítio. Neste período era bonito escutar os galos que anunciavam o novo dia. Foi quando nasceu em mim a mania de madrugar. Achava bonito o canto dos galos no terreiro de casa. Da casa vizinha, o outro galo respondia numa disputa que terminava ao clarear do dia.

Mais do que aqui, quando viajo para minha cidade, escutar o canto do galo no amanhecer e os pássaros dando sinais da Primavera é algo prazeroso.

Neste período do ano, sentir a brisa morna das enseadas no entardecer é um desfrute sem igual. O sol silencioso cria ambiente de profunda paz. Serraria ou Arara, para onde sempre retorno, são lugares que me dão essa sensação de paz.

Serraria (PB) Antônio David Diniz
Comento com Sofia a mudança de estação da Primavera para o Verão. Ela sorri com os olhos de primavera. Suas mãos carregam o perfume das flores do lugar onde nasceu. Recordamos do pôr do sol entre as enseadas de nossos canaviais e reservas de matas que restam nos lugares de onde viemos.

A Primavera andará conosco durante o Verão que se inicia. Teremos dias ensolarados e tardes desenhadas com o pôr-do-sol avermelhado, que dá vontade de escutar a “Valsa das Flores” de Tchaikovsky.

Primavera é poesia, silenciosa e translúcida. Estação calma, como silêncio das plantações, dos córregos sem água, da fronte das montanhas floridas, da brisa oferecida pelo mar. Paisagens que, ao seu tempo e lugar, moviam Strauss para captar vozes silentes na composição de suas canções.

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